segunda-feira, 1 de abril de 2013

Alagou as

Cá estou eu, em Maceió, e nada mais justo do que escrever sobre coisas que marcam e dizem mais sobre as características dessa cidade irmã do Recife. Para além das belas praias por que Maceió é conhecida no Brasil, a música é algo que me interessa. Em todo lugar do Brasil que passo, preciso saber sobre a música, a comida e a cachaça. Segue, então, um breve comentário sobre o último álbum do Wado, lançado no ano de 2011, mas que só pude ter acesso no início deste ano.

Conheci Wado em meados de 2008, se não me engano, num show do Coquetel Molotov, no Recife. Escutei sua música com uma atenção que nem sempre dou aos artistas desconhecidos que vejo em shows, mas a música que tocava era Tormenta, seus samplers de violinos e a tragicidade de sua mensagem sonora e poética me instigaram a procurar mais sobre essa obra. O que marcava era: "antes da chuva de sangue, antes da chuva de sapos...". De lá pra cá, Wado já lançou alguns álbuns, se firmou numa cena independente nordestina e brasileira e lança, em 2011, o álbum intitulado Samba 808. O álbum me joga para o Cais do Apolo, no Rec Beat; seu som dançante, reflexivo e carregado me faz sentir em pleno carnaval recifense. Se fosse no período de colegial, combinaria com o vinho carreteiro que tomava a fim de me embriagar; hoje me embriago de cerveja e sons. 

Rotular o som de um artista multifacetado como o Wado é sempre uma ousadia que beira o erro, mas esse CD me causa a impressão de estar escutando um "samba progressivo", com o suinge do samba, brasilidade e ao, mesmo tempo, a mobilidade de um rock progressivo, feito à base de um sampler norte-americano 808. Nas três primeiras faixas, Si Próprio (com Zeca Baleiro); Esqueleto (com Curumin) e Surdos de Escola de Samba (com Chico César) essa característica é bem forte. Logo em seguida, o álbum nos apresenta o que obviamente poderia virar single: com participação de Mallu Magalhães e Marcelo Camelo, "Com a Ponta dos Dedos" é uma balada cantada com emoção, com beleza e verdade no dizer; música excelente. A próxima sequência de músicas (Portas São Para Conter ou Deixar Passar; Recompensa e Não Para) é, na minha opinião, a melhor do álbum; excelentes músicas que realçam o jeito peculiar de canto do Wado. 

O "Samba 808" ainda conta com várias participações, como Fábio Góes e André Abujamra, dando uma miscelânea interessante ao que escutamos. Nas faixas Vai ver; Jornada e Beira Mar, com destaque para a última, Wado encerra o que, com certeza, posso afirmar, é um excelente álbum. Ótima propaganda do estado de Alagoas e ótimo estímulo ao sentido da audição, numa cidade em que olhos, ouvidos e nariz são constantemente estimulados e convidados a voltar. Fica a dica!


http://wado.com.br

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