domingo, 31 de agosto de 2014

Rocha

Em que outro abrigo poderia me encontrar
se não fossem nos olhos teus?

Que outro armário poderia me guardar
nas noites de frio e medo?

Que outro escudo haveriam de me dar
se não fosse tua coragem?

Penetra em minha alma
desfazendo-te(me) de armadura
E no fim do dia, abre-me as portas
do teu sorriso-reino.

Dá-me a condução, das nossas mãos em corrente
Caminhado para o mesmo lado!

Sem ti, nenhuma batalha valeria a pena
Sem ti, seria mercenário andarilho
Perambulando nos sonhos de te encontrar

Contigo sou rocha, inquebrantável
Viva é altiva
Capaz de te sustentar!

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Voto em Dilma



Recentemente, amigos do trabalho me perguntaram em quem votar. Perguntei se teriam tempo para ouvir, pois não iria pedir voto de torcida. Nossa conversa precisou ser interrompida, mas vai aí o que diria a eles e qualquer um:

É muito comum, recentemente, ouvirmos principalmente, antes de Eduardo e agora de Marina, que "é preciso acabar com a polarização entre PSDB e PT que existe há 20 anos". Pois bem, deixa eu contar um segredo: ela não existe há 20, existe há 514 anos. Vamos contar uma história:

São 514 anos de formação de um povo e um país, cujas elites, que vieram aqui, levaram o pau-brasil, o ouro, a cana etc. comandaram em, pelo menos 500 anos de nossa história.

O eixo de qualquer ciclo de desenvolvimento pelo qual o Brasil passou sempre foi a alimentação de elites estrangeiras, já que por muito tempo nem elite nacional nós tínhamos. Benefícios e avanços básicos, como estudar, eram privilégios de poucos. Num país em que a escravidão foi motor da economia, ainda foi retirado qualquer direito a 40% da população.

Transformações lentas

E assim foi por muito tempo: todas  as melhorias civilizacionais foram alvo de disputa entre aqueles que lutaram por direitos básicos e aqueles que enviavam seus filhos a Lisboa para estudarem. É a tão reclamada "polarização".

O problema é que esses, os de Lisboa, nunca deixaram certos avanços acontecerem plenamente. Para acabar com a escravidão, precisou-se deixar os libertos ao relento, sem aprovar a reforma agrária; para dar a independência ao país precisamos deixar o filho do Rei de Portugal no poder; para proclamar a República precisamos colocar alguém que era a favor do império. A elite não iria deixar barato, e a história posterior mostraria que não iria mesmo!

Com a chegada da República, da democracia e do voto, um problema surgiu para os de Lisboa: "e se o povo tomar o poder?"; "façamos a revolução antes que o povo a faça". Era um problemão para as elites: "o que fariam os 40% de negros na hora de votar?" "O que fariam os miseráveis?"

Por isso, em pouco menos de um século, o Brasil viveu praticamente metade sob regimes autoritários. Era o medo que os de Lisboa tinham!

Nesse período, o Brasil só pôde colocar os que olharam para os de cá 3 vezes, três estadistas, apenas, comandaram o Brasil com os olhos virados para os brasileiros: o primeiro, Getúlio Vargas, mesmo com todas as suas contradições, foi quem criou a Petrobras, os direitos trabalhistas que a elite tanto combate, e melhorias para o povo mais pobre, além de criar a indústria nacional e colocar o Brasil no rumo do desenvolvimento, a elite não sossegou, até que em 25/08 de 1954, conseguiram tirá-lo da cena e o fizeram suicidar-se. O segundo, João Goulart, pretendia instalar as reformas de base (da educação, saúde, agrária), e a elite, aqueles de Lisboa, mais uma vez reagiram e implementaram a Ditadura Militar.

Reconquistamos a democracia, mas os de lá nunca saíram do poder: a próxima etapa seria o neoliberalismo. Lisboa ficaria em Nova York, mais precisamente numa rua chamada Wall Street. Dessa vez a elite colocaria gente com verniz democrático: Collor, FHC...

Desnacionalizaram nossa economia, venderam tudo o que podiam e nenhum direito para o povo. Estava aberta oficialmente a polarização PTxPSDB, essa que acontece desde o início dessa história, só ganhou siglas.

Foi então, em 2002, que colocamos gente da gente, um operário, "analfabeto" dizia a elite, mas que colocou mais de 1 milhão de jovens nas universidades pelo PROUNI; tirou mais de 30 milhões de brasileiros da miséria, deu casa para o povo; criou escola técnica; mudou a cara desse país; deu comida na mesa do trabalhador; e o mais importante: dignidade.

Ele, Lula, e sua sucessora, Dilma, constituem a 3ª geração de estadistas do lado de cá, do lado do povo. Estes, a todo tempo são combatidos pelos de Lisboa, que estão na Globo, na Veja, no Itaú, na Natura, no PSDB, em Marina. Portanto, como sou povo, trabalhador, identifico-me e luto para que esse projeto vença. Não há outra via. No Brasil, ou você está do lado dos de Lisboa ou do lado do povo. Essa polarização chama-se luta de classes. E por acreditar num Brasil forte, soberano e dos trabalhadores, rumo a um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento, voto Dilma!

#DilmaMudaMais
#RenovaEsperança
#DilmaCoraçãoValente

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Fernando Brito: Marina vai ao teto? Com “jeitinho” ou não, acho que sim.

em www.tijolaco.com.br

ibopemarina


A crer no resultado do Ibope – e eu creio nos resultados do Ibope como uma antítese do poeta, onde não há distância entre intenção (de voto) e gestos políticos –  estamos diante de uma “onda”.
Onda que, embora suspeite que o Ibope tenha lhe dado bóias, engoliu Aécio Neves.
Não é crível que Marina – que, segundo o Ibope não cresceu entre os indecisos e os nulos e brancos desde a pesquisa Datafolha, que os baixou de 27 para 15 , enquanto o Ibope os fixava em 24 e os baixou para os mesmos 15% –  tenha tirado tanto de Dilma (quatro pontos) que de Aécio Neves.
Marina é uma candidata de oposição, e isto está claro.
De toda forma, ainda que se aceite estes números, talvez seja possível dizer que a onda tem o seu pico, que o próprio movimento de subida constrói, ainda mais porque é um movimento mais emocional (se existisse a palavra eu diria comocional) do que racional.
É o famoso “no embalo”.
O que leva, também, para a vantagem de Marina Silva num segundo turno o raciocínio para o mesmo caminho: os votos de oposição a Dilma são os que Aécio Neves tem na simulação, não os que tem Marina, porque – salvo os Reinaldo Azevedo – os eleitores de Aécio votam em qualquer um que não seja Dilma.
Pesquisas são sempre indicadores das tendências de  momento, embora muito frequentemente não sejam retratos fiéis destes momentos. Dois pontos para lá, dois pontos para cá fazem um imensa diferença.
Ouvi dizer que, neste caso, foram dois a menos para cá e quatro para lá. Ou para os dois “lás”.
Seja como mais significativo, para mim, é que Marina colheu todos os bônus de duas semanas de superexposição e beatificação na mídia.
Baixou no espaço como a redenção.
Agora terá de ser candidata a Presidente, não mais a beata abençoada.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Real

Quisera eu pudesse cantar sem lirismo
o banho glacial de cada amanhecer

Quisera eu pudesse dizer em versos
o empacotamento da carne,
o desperdício de suor.

Quisera eu pudesse fazer um poema
que se pode tocar

Quisera eu que a rima fosse opção
que a obra prima do artista não virasse profissão

Quisera eu que a palavra educasse
com sentimento e fúria
mas que mesmo na penúria
saíssemos do disfarce

Quisera eu que a música dissesse
o som real dos motores
embriagados do sangue negro
fornecido aos senhores

Quisera eu qua a cama fosse lugar de deitar
Ou que Madalena, na janela, pudesse observar
O movimento daqueles que ousam se levantar
Cantando em versos, panfletos e bares
A aurora que vai chegar!

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Eduardo



Não há divergência programática, política e estratégica que repare e diminua o espanto causado pela recente morte do candidato a presidente e ex-governador Eduardo Campos. Dessa maneira, inicio esse texto, traduzindo o sentimento que perpassa em mim neste momento.

Todos os leitores, deste blog e de meus comentários nas redes sociais, sabem das recentes divergências que se abriam entre o posicionamento político por mim elaborado e o do então candidato Eduardo. Mas a morte abre uma brecha irreparável na retrospectiva e na valorização da vida de pessoas que vieram ao mundo para marcar.

Há, na repercussão de tamanha tragédia, aqueles que tentam diminuir o ocaso, reverberando que milhões morrem todos os dias e que, por isso, não há o porquê de tanta “hipocrisia”(sic). Será mesmo hipocrisia? Será mesmo que a morte de uma pessoa tão presente na vida, principalmente dos pernambucanos não causa tamanha comoção?

Eduardo Campos era um líder. Ponto final. Ou reticências...para provar que ele tem, sim, um legado construído e a ser continuado. Foi fruto da luta de seu avô e de tantos outros companheiros do mesmo, que lutaram pela democratização do Brasil. Viu, portanto, na política, à sua maneira, uma forma de transformar a realidade em que vivia. E transformou: mudou a realidade de um estado fadado a viver na periferia desse tão desigual sistema capitalista em um país em desenvolvimento que é o Brasil, cujas elites concentraram a riqueza e oportunidades em uma única região. É ou não é louvável a posição a que este homem chegou em sua vida? É ou não é – independente das diferenças políticas – um orgulho para os pernambucanos ter produzido um homem cuja altivez lhe fez buscar um sonho que, lá no fundo, todos os que fazem a boa política têm?

Mais do que concordar ou discordar das posições políticas de Eduardo Campos, é preciso lembrar que sua escola política é a do nosso campo, do campo progressista, que na eleição presidencial de 2014 iria viver uma situação nunca antes vivida: a possibilidade de um segundo turno intracampo.

A partir de hoje, a história de luta pela democracia ganha um componente a mais. Doloroso, vil, emotivo. Teremos, nós do campo progressista, teremos que erguer a cabeça e continuar lutando pelo Brasil dos nossos sonhos, que tenho certeza também era dos sonhos de Eduardo. Essa campanha eleitoral, com ares fúnebres, marca para sempre a história da recente democracia brasileira, cujo nome de Eduardo será gravado eternamente.


Hoje, analistas, abutres e irresponsáveis reclamam a decisão política sobre os futuros do PSB – de uma possível candidatura de Marina Silva ou não. Dessa ousada e melindrosa decisão política de tê-la levado ao PSB, cabem agora a esse partido as decisões. No mais, espero que pela boa política, façamos deste momento um momento de união dos brasileiros: pela democracia, pelo respeito e, sobretudo pela solidariedade àqueles quer perderam seus familiares e a todos os brasileiros que, assim como em dias em que se foram ídolos, perderam um homem jovem, cujo futuro era promissor. Minhas sinceras condolências e respeito aos companheiros de luta, familiares e pernambucanos.

sábado, 9 de agosto de 2014

Fumaça, suor e perfume

Fumaça: pra entorpecer minh'alma
acalentar minha calma
e embevecer os olhos

Suor: para provar que estou vivo
para testar o agressivo
bater do meu coração

Perfume: para doirar a língua
para deixar à míngua
a antiga sensação

sábado, 2 de agosto de 2014

Queda

Eu caí.




                                                                                      Como em diversos momentos da minha vida, caí.


 Caí na sensação mais gostosa que é deixar o vento tocar o rosto e arriscar-se ao frio na barriga.


                           Caí, como quem quisera voar. 
                        Toda queda é voo, é queda livre. 
Não um tropeço por nos empurrarem, não uma pedra no meio do caminho. 



                                         Queda.

Caí por acreditar que tua mão estava ali, na queda junto a mim,

 ou cá embaixo para me levantar e curar-me as feridas, 
agasalhar-me e trocarmos o calor dos dias em que caímos juntos e nos levantamos.

A música não é a mesma. 
Embalam-me os sonhos de uma nova aurora, guiada pela luz que vem de nome desconhecido.
 Duelam os que têm fome de viver, nessa eterna mania de ter razão.

 Por isso, caí.

Imperfeito que sou, reconheço a minha impossibilidade de levantar, 
sem que seja por tuas mãos e braços a me carregar.