Quisera eu pudesse cantar sem lirismo
o banho glacial de cada amanhecer
Quisera eu pudesse dizer em versos
o empacotamento da carne,
o desperdício de suor.
Quisera eu pudesse fazer um poema
que se pode tocar
Quisera eu que a rima fosse opção
que a obra prima do artista não virasse profissão
Quisera eu que a palavra educasse
com sentimento e fúria
mas que mesmo na penúria
saíssemos do disfarce
Quisera eu que a música dissesse
o som real dos motores
embriagados do sangue negro
fornecido aos senhores
Quisera eu qua a cama fosse lugar de deitar
Ou que Madalena, na janela, pudesse observar
O movimento daqueles que ousam se levantar
Cantando em versos, panfletos e bares
A aurora que vai chegar!
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