Não há divergência programática,
política e estratégica que repare e diminua o espanto causado pela recente
morte do candidato a presidente e ex-governador Eduardo Campos. Dessa maneira,
inicio esse texto, traduzindo o sentimento que perpassa em mim neste momento.
Todos os leitores, deste blog e
de meus comentários nas redes sociais, sabem das recentes divergências que se abriam
entre o posicionamento político por mim elaborado e o do então candidato
Eduardo. Mas a morte abre uma brecha irreparável na retrospectiva e na
valorização da vida de pessoas que vieram ao mundo para marcar.
Há, na repercussão de tamanha
tragédia, aqueles que tentam diminuir o ocaso, reverberando que milhões morrem
todos os dias e que, por isso, não há o porquê de tanta “hipocrisia”(sic). Será
mesmo hipocrisia? Será mesmo que a morte de uma pessoa tão presente na vida,
principalmente dos pernambucanos não causa tamanha comoção?
Eduardo Campos era um líder.
Ponto final. Ou reticências...para provar que ele tem, sim, um legado construído
e a ser continuado. Foi fruto da luta de seu avô e de tantos outros
companheiros do mesmo, que lutaram pela democratização do Brasil. Viu,
portanto, na política, à sua maneira, uma forma de transformar a realidade em
que vivia. E transformou: mudou a realidade de um estado fadado a viver na
periferia desse tão desigual sistema capitalista em um país em desenvolvimento
que é o Brasil, cujas elites concentraram a riqueza e oportunidades em uma
única região. É ou não é louvável a posição a que este homem chegou em sua
vida? É ou não é – independente das diferenças políticas – um orgulho para os
pernambucanos ter produzido um homem cuja altivez lhe fez buscar um sonho que,
lá no fundo, todos os que fazem a boa política têm?
Mais do que concordar ou
discordar das posições políticas de Eduardo Campos, é preciso lembrar que sua
escola política é a do nosso campo, do campo progressista, que na eleição
presidencial de 2014 iria viver uma situação nunca antes vivida: a possibilidade
de um segundo turno intracampo.
A partir de hoje, a história de
luta pela democracia ganha um componente a mais. Doloroso, vil, emotivo.
Teremos, nós do campo progressista, teremos que erguer a cabeça e continuar
lutando pelo Brasil dos nossos sonhos, que tenho certeza também era dos sonhos
de Eduardo. Essa campanha eleitoral, com ares fúnebres, marca para sempre a
história da recente democracia brasileira, cujo nome de Eduardo será gravado
eternamente.
Hoje, analistas, abutres e
irresponsáveis reclamam a decisão política sobre os futuros do PSB – de uma
possível candidatura de Marina Silva ou não. Dessa ousada e melindrosa decisão
política de tê-la levado ao PSB, cabem agora a esse partido as decisões. No
mais, espero que pela boa política, façamos deste momento um momento de união
dos brasileiros: pela democracia, pelo respeito e, sobretudo pela solidariedade
àqueles quer perderam seus familiares e a todos os brasileiros que, assim como
em dias em que se foram ídolos, perderam um homem jovem, cujo futuro era
promissor. Minhas sinceras condolências e respeito aos companheiros de luta,
familiares e pernambucanos.
Um comentário:
Excelente texto Nilson. Parabéns!
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