sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Eduardo



Não há divergência programática, política e estratégica que repare e diminua o espanto causado pela recente morte do candidato a presidente e ex-governador Eduardo Campos. Dessa maneira, inicio esse texto, traduzindo o sentimento que perpassa em mim neste momento.

Todos os leitores, deste blog e de meus comentários nas redes sociais, sabem das recentes divergências que se abriam entre o posicionamento político por mim elaborado e o do então candidato Eduardo. Mas a morte abre uma brecha irreparável na retrospectiva e na valorização da vida de pessoas que vieram ao mundo para marcar.

Há, na repercussão de tamanha tragédia, aqueles que tentam diminuir o ocaso, reverberando que milhões morrem todos os dias e que, por isso, não há o porquê de tanta “hipocrisia”(sic). Será mesmo hipocrisia? Será mesmo que a morte de uma pessoa tão presente na vida, principalmente dos pernambucanos não causa tamanha comoção?

Eduardo Campos era um líder. Ponto final. Ou reticências...para provar que ele tem, sim, um legado construído e a ser continuado. Foi fruto da luta de seu avô e de tantos outros companheiros do mesmo, que lutaram pela democratização do Brasil. Viu, portanto, na política, à sua maneira, uma forma de transformar a realidade em que vivia. E transformou: mudou a realidade de um estado fadado a viver na periferia desse tão desigual sistema capitalista em um país em desenvolvimento que é o Brasil, cujas elites concentraram a riqueza e oportunidades em uma única região. É ou não é louvável a posição a que este homem chegou em sua vida? É ou não é – independente das diferenças políticas – um orgulho para os pernambucanos ter produzido um homem cuja altivez lhe fez buscar um sonho que, lá no fundo, todos os que fazem a boa política têm?

Mais do que concordar ou discordar das posições políticas de Eduardo Campos, é preciso lembrar que sua escola política é a do nosso campo, do campo progressista, que na eleição presidencial de 2014 iria viver uma situação nunca antes vivida: a possibilidade de um segundo turno intracampo.

A partir de hoje, a história de luta pela democracia ganha um componente a mais. Doloroso, vil, emotivo. Teremos, nós do campo progressista, teremos que erguer a cabeça e continuar lutando pelo Brasil dos nossos sonhos, que tenho certeza também era dos sonhos de Eduardo. Essa campanha eleitoral, com ares fúnebres, marca para sempre a história da recente democracia brasileira, cujo nome de Eduardo será gravado eternamente.


Hoje, analistas, abutres e irresponsáveis reclamam a decisão política sobre os futuros do PSB – de uma possível candidatura de Marina Silva ou não. Dessa ousada e melindrosa decisão política de tê-la levado ao PSB, cabem agora a esse partido as decisões. No mais, espero que pela boa política, façamos deste momento um momento de união dos brasileiros: pela democracia, pelo respeito e, sobretudo pela solidariedade àqueles quer perderam seus familiares e a todos os brasileiros que, assim como em dias em que se foram ídolos, perderam um homem jovem, cujo futuro era promissor. Minhas sinceras condolências e respeito aos companheiros de luta, familiares e pernambucanos.

Um comentário:

Matheus Lins disse...

Excelente texto Nilson. Parabéns!