quinta-feira, 9 de maio de 2013

Capitalismo: geneticamente doente

Em tempos de crise econômica mundial do Capitalismo, em que pouquíssimas pessoas da grande mídia se atrevem a dizer que é uma crise desse determinado sistema econômico, ponho-me a pensar, caso médico eu fosse, que constatações clínicas seriam feitas para essa sociedade e esse modo de produção em que vivemos.

A primeira constatação que eu faria seria a de que o Capitalismo já nasceu doente: a primeira doença, talvez uma esquizofrenia. A Burguesia, interessada em transformar a sociedade aristocrata feudal, abalou com a estruturas de poder e construiu um verdadeiro processo revolucionário que conduziu a um novo paradigma econômico, político e social; sob sua égide as palavras "Liberdade, Igualdade e Fraternidade". Não demorou muito e a burguesia, temerosa das consequências que o processo revolucionário poderia ter, passa a rechaçar todas as tentativas do incipiente proletariado 'gostar' e participar do mesmo. Resultado: opressão e forte violência no seio da Revolução Burguesa, a França, em 1842 e posteriormente em 1871 - anos em que o proletariado tentou construir uma sociedade verdadeiramente avançada e de participação popular.

Para além disso, a sociedade capitalista, doente, projeta sobre si contradições que exigem um novo organismo, uma novo vírus que possa combatê-las e eliminá-las; pois como diria Marx: "As armas de que a burguesia se serviu para derrubar o feudalismo voltaram-se agora contra a própria burguesia. Mas a burguesia não forjou apenas as armas que a levarão à morte; produziu também os homens que empunharão essas armas: Os operários modernos, os proletários". Foram as contradições entre Trabalho e Capital; Produção Social e Apropriação Privada; Proletariado e Burguesia; Imperialismo e Povos explorados e, finalmente, Organização do Trabalho x Anarquia da Produção que fizeram surgir o vírus que irá exterminar essa sociedade: o vírus do Socialismo.

Mas se falamos de crise econômica mundial na contemporaneidade, podemos afirmar que o Capitalismo atravessou a história, mesmo com doença genética, se fortalecendo através dos tempos. Contudo, o que não podemos deixar de frisar é que esse desenvolvimento passou por várias crises e essas crises do Capitalismo fazem parte de sua doença genética, são endógenas, não há causas externas para explicá-las. Primeiro, simplificadamente, porque o Capitalismo generaliza essa intensa sanha por "comprar e vender", segundo porque produz por produzir. Portanto, sob essa lógica, crise e capitalismo são sinônimos, as crises não deixarão de existir, são a "herpes" do Capitalismo. O fato é que, atualmente, as erupções das crises são cada vez mais frequentes, frutos, é claro, da cada vez mais fictícia acumulação de capital e a característica viral de sua doença: a "globalização", que transmite crises como espirros.

Esses "espirros", na atual conjuntura, levam ao aprofundamento de uma crise que começou em 2008, com a quebra de bancos norte-americanos, devido à forte especulação e fraudes referentes a hipotecas de famílias americanas. A partir de 2010, a crise, como vírus que se metamorfoseia, tem, sobre a Europa, seu campo mais fértil de atuação. A desnacionalização de várias economias da comunidade do Euro, sob liderança da Alemanha, foi ambiente amplamente favorável para a chegada e permanência dessa crise. Segundo Luiz Carlos Bresser-Pereira(2011), essa é uma dupla crise, de caráter cambial e fiscal, em que sua natureza mais profunda é uma só "e é fundamentalmente uma crise de soberania monetária". Exemplo disso é a forma como a Grécia, para sair da crise, afoga-se cada vez mais em pacotes de austeridade ditados pelo FMI e União Europeia, sem, ao menos, ter uma moeda própria com a qual possa jogar e remediar os efeitos da crise. Pros EUA, a hegemonia do dólar, junto a outros fatores, mesmo em crise, é elemento salutar para permanência de sua liderança mundial.

No campo das ideias, a (des)regulamentação do mercado financeiro e o debate sobre "quem" conduz a economia permanecem alvos de intensas disputas. A solução dada pelo FMI e países europeus continua sendo a de liberdade do mercado e ilusão neoliberal de que é possível curar o capitalismo e a que tem levado seus adeptos a uma morte a longo prazo. Do outro lado do fronte, os países emergentes criam vacinas, remédios e, no caso da China, operam cirurgias profundas nas estruturas econômicas. Lá, é o Estado, sob direção dos comunistas, que diz os rumos que a economia deve seguir; os investimentos e direcionamentos são capitaneados pelos bancos públicos e firme participação política nas decisões de que desenvolvimento deve ser conduzido.

No Brasil, o combate aos sintomas e à doença capitalista tem sido feito, mesmo de maneira homeopática, sob direção de forças democráticas que comandam o país nos últimos dez anos, criando anticorpos e fortalecendo a classe trabalhadora, distribuindo renda e intensificando a participação destes na cadeia produtiva do país. Infelizmente, os agentes epidemiológicos do Capitalismo, tais como a grande mídia, fazem um jogo pesado a favor do retorno a uma politica de entrega total do nosso país a essa doença. Vender o país, aumentar cada vez mais o lucro dos acumuladores de Capital fictício e acentuação das desigualdades sociais são receitas basilares para os abutres da mídia e rentistas.

Porém, um novo mundo e um novo Brasil são possíveis. Para isso não se deve exitar em lançar mão de um remédio de simples sigla: NPND. O Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento, de essência anti-imperialista, antilatifundiária, e antioligarquia financeira visa a "suplantar a fase neoliberal, de culminância do capital rentista e parasitário". Defender a soberania nacional, seu desenvolvimento e a democracia fazem parte da superação dessa sociedade e a chegada a um novo ciclo civilizacional. Desenvolver o país direcionando o sistema bancário a serviço de financiamentos de longo prazo, que possam garantir a emancipação de nossa população fazem-se urgentes. 

Não há cura para o Capitalismo. Ele, esse ancião, está fadado a morrer, perder-se no curso da história. Há de surgir o novo, há de surgir aquilo que nos deram condições de gritar por todos os rincões do mundo, quando Che nos dizia: "se tremes diante de qualquer injustiça, então somos companheiros". Há de surgir, mediante a luta cotidiana de homens e mulheres, jovens, trabalhadores, intelectualidade avançada, um projeto de sociedade em que possamos concluir a luta de vários camaradas que tombaram para que, aí sim, possamos ter um mundo igualitário. O sucessor histórico do Capitalismo está por vir! Viva o Socialismo!

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