50 anos. Esse foi o tempo em que
jovens de todo o Brasil foram às ruas em prol de algo que para nós tem sido
essenciais na constituição de um país forte e soberano: a democracia. Há meio
século o Brasil encontrava-se numa encruzilhada histórica: de um lado, a
necessidade de dar vazão às necessidades da maioria da população brasileira,
representadas na reformas de base, propostas por João Goulart; do outro, o
enfrentamento ao “espectro do comunismo” feito por uma aliança
civil-militar-empresarial, cujos setores da mídia contribuíram com
grande responsabilidade para momentos aviltantes da história de nosso país.
Foram vinte anos em que as
liberdades individuais e coletivas eram ameaçadas cotidianamente; em que jovens
como nós, não poderiam se reunir, manifestar suas vontades e anseios de uma
juventude que conviveu com décadas de grande efervescência cultural e de
grandes manifestações políticas mundo afora – como o maio de 68 na França.
O Brasil, assim como demais
países da América Latina, foi alvo da experiência do Imperialismo
estadunidense, cuja representação maior era a “Doutrina Monroe”, “a América
para os americanos”. Essa perspectiva era oriunda da tentativa de uma classe
dominante acabar com as conquistas obtidas pela classe trabalhadora pós
Revolução de 1917. Direitos trabalhistas, das mulheres, de negros e demais
setores da população, eram uma afronta à burguesia internacional.
Mesmo assim, com todos esses
reveses, a juventude brasileira não se calou diante da repressão e da retirada
de direitos. A juventude se manifestou na “’Passeata dos 100 mil”, se
manifestou nos festivais de música, no cinema, nas peças engajadas como “Roda
Viva” de Chico Buarque. A juventude cantou e desenhou através do CPC da UNE.
Morreu e fez viver em cada um o sonho por um país democrático. Foi nessa toada
que jovens foram perseguidos na Guerrilha do Araguaia; foi nessa toada que
Edson Luís, de 16 anos, morreu a tiros. E foi por isso que a juventude
permaneceu em alerta até a grande vitória das Diretas Já, da Constituinte com
voto – este que fora proibido – aos 16 anos.
Hoje, numa nova encruzilhada
histórica, em que é preciso decidir se damos continuidade às mudanças vividas
pelo país nos últimos 11 anos, ou se retrocedemos àqueles que sob verniz
democrático venderam a nação na década de 90. É preciso retomar as respostas
aos anseios da maioria da população. Daqueles que querem ver um país com
direitos a todos e a todas, em que as mulheres não sejam estupradas pelo
simples motivo da roupa que vestem, em que homossexuais não precisam viver sob
vigília, qual vivia-se na Ditadura.
Por isso, a juventude de hoje,
filha daqueles que derramaram sangue na Ditadura, vai às ruas pedir pra que
sejam realizadas as reformas que estão atrasadas no país há, no mínimo, um
século. Reforma urbana, política, dos meios de comunicação, tributária,
educacional, reforma agrária.
Hoje a juventude vai às ruas para
que se implemente o Plano Nacional de Educação que garanta o investimento de
10% do PIB para a educação. Reformas que garantam a cidade para todos, e que
garanta um país que reflita a heterogeneidade de uma população e de uma
juventude que quer mais. De uma juventude que nunca se negou a ir pras ruas, em
qualquer momento: seja naqueles de tempestade profunda, ou nos períodos cuja
luta é por mais – MAIS democracia; MAIS desenvolvimento; MAIS direitos; MAIS
Brasil, para MAIS brasileiros!
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