sexta-feira, 26 de junho de 2015

Os lutadores existem, cabe a nós conquistá-los!


Se é verdade que a tarefa de construir a revolução brasileira - e assim seria em qualquer lugar - não é tarefa de poucos, de alguns iluminados, é verdade também que construir o caminho, a que nós do PCdoB chamamos de Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento, exige a participação ativa de um amplo espectro de forças, com centralidade nos trabalhadores, juventude, intelectualidade e mulheres.

Esse amplo espectro de forças, nucleado pelos setores de esquerda, num primeiro momento está longe de ser hegemonizado pelos comunistas; precisa, sobretudo, reunir os progressistas, os nacionalistas e os interessados em desenvolvimento com participação e distribuição social.

Digo isso pois, mesmo com 93 anos de história e com longa trajetória de contribuições benéficas à história do Brasil, os comunistas sempre foram duramente perseguidos, e com o fim da URSS e queda do muro de Berlim, a posição de defensiva estratégica coloca os comunistas, no Brasil e no mundo, apesar de relativas conquistas através da democracia burguesa, em situação difícil para acumular forças.

Sendo assim, é errada a visão dogmática e estreita de que só os comunistas 'puro-sangue' são aptos a transformar a realidade brasileira. 

No Brasil, país cujo desenvolvimento desigual, tardio, cujas rupturas sempre foram incompletas e onde o capitalismo se desenvolveu ao lado de uma estrutura atrasada (latifúndio, escravidão, ausência de reforma agrária, ausência de educação publica de qualidade, períodos longos de ausência de democracia), sempre existiram lutadores do povo; desde Zumbi aos mais atuais lutadores por cidades mais humanas, passando por José Bonifácio, Getúlio Vargas, Osvaldão, Helenira Rezende e tantos outros anônimos.

Dessa forma, o centro da questão hoje é como acumular forças suficientes para ocupar os espaços de poder político rumo a uma transição a um novo ciclo civilizacional, sem perder de vista que no ambiente hodierno cujas tendências fascistas, anti-comunistas e conservadoras são tão presentes, é preciso redobrar os esforços para conquistar corações e mentes para a luta revolucionária.

Enquanto o nível de consciência revolucionária não é o 'desejado', é preciso ter ao nosso lado, nas nossas hostes todos aqueles lutadores do povo: os que lutam por moradias dignas; aqueles que lutam por terra; os que lutam por cidades mais humanas; aqueles que em suas comunidades atendem às demandas populares; os que ajudam comunidades inteiras com serviços de saúde; enfim, todos aqueles que - mesmo sem perspectiva  revolucionária - buscam fazer o bem aos seus pares.

O "x" da questão, nesse caso, é como conquistá-los. Como aliar a luta pelo específico, pelo imediato pelo qual todos esses lutam, com o geral, com a luta por emancipação da classe trabalhadora, pela mudança do sistema. Remédio eficaz para essa necessidade começa pelo fim da estreiteza e soberba. Não somos - embora busquemos - os donos da verdade. Lutadores existem, cabe a nós conquistá-los!