sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Ela

Hoje não a beijei na despedida. Não deu pra sentir o gosto do café misturado ao sorriso que só seus lábios são capazes de produzir. Olhei pela janela, e lá estava o sangue das minhas veias correndo um pouco mais longe de mim.

Hoje ainda não disse que a amo. Apenas amei. Com os olhos que a veem acordar, contando seus sinais e alisando sua pele, a morenice dos olhos dela e o nosso apertado espaço da cama.

Ontem não quis dormir abraçado. O suor era grande depois da orquestra de nossos corpos, da dança de nossas pernas e de nossas bocas. E mesmo assim tomei suas pernas e braços para mim.

Amanhã - quem sabe - dormiremos até tarde, sussurrando segredos e imaginando poemas eróticos que nem os mais perversos poetas seriam capazes de produzir.

Amanhã - quem sabe - ficaremos loucos em demasia; talvez a gente durma, talvez a gente dance.

Amanhã - quem sabe - mudaremos de casa, mudaremos de carro, de estado ou de país e, mesmo assim, continuaremos assim, tendo um ao outro.

Amanhã - quem sabe - ela me fale um poema e eu diga que não a quero mais - só pra provocar.

Amanhã - eu sei - estaremos de braços dados revendo as loucuras que fomos e que ainda seremos. Doidos para viver assim, nesse louco e gostoso jeito de viver, acordar e dormir - sempre.


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