quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Prenda-me se for capaz

No mês de setembro muitos dos consumidores de música pela internet ficaram órfãos do blog de maior repercussão na área, o “Som Barato”; lá, ficavam disponíveis milhares de downloads de músicas brasileiras pra qualquer gosto, do rock “doido” ao violão bem tocado de Yamandú Costa; passando pelas bandas que não tinham projeção alguma, e por discos raros que já saíra de circulação.

Pois bem, o Som Barato foi deletado pela Google, a serviço das grandes empresas da área fonográfica de nosso país; e antes de todo esse burburinho causado pelo fato, já se mobilizavam alguns senadores, na verdade, Eduardo Azeredo (PSDB-MG), para aprovar a lei dos “cibercrimes”, na qual pessoas como eu, como você, classe média operária, que não tem condição de comprar um disco por R$ 40,00, são consideradas criminosas por baixar músicas ou compartilhá-las na rede.

O que esses homens fingem não saber é que a rede (internet) é como água. Escorre por todos os cantos e se espalha fácil, é impossível deter seu crescimento, é impossível controlá-la, e nós, como pessoas inteligentes e “usuárias”, devemos nos opor a cada restrição nesse sentido, somos seres livre e pensantes, contrário a qualquer espécie de ditadura.

É degradante ver que num estado democrático, em que o acesso à cultura e á informação deveria guiar o povo para uma transformação da sociedade, ainda tenhamos esse tipo de coisa. Somos a favor do livre acesso à educação, saúde, cultura e informação. Podem nos considerar criminosos, mas podem prender nossos corpos e não nossas mentes, pois como Black Alien fala, “acredito em ordem e progresso quando o povo tem acesso ao ingresso”. E já que o Azeredo ta dizendo que somos criminosos, resolvi escrever este texto baixando mais música e escutando aqui no meu Media Player. Prenda-me se for capaz!

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Demo(cracia)

Este ano é ano eleitoral; e é extremamente salutar a forma como militantes, políticos e cidadãos comuns se mobilizam em torno do evento. Contudo, é ainda mais importante vermos como o debate de idéias divergentes se faz, e como o acirramento de disputas políticas pode trazer o bem comum. Tudo isso faz rememorarmos que neste ano estamos completando vinte anos da Constituição Brasileira, para a grande maioria, uma conquista da democracia. Afinal de contas, podemos votar, e nos fazermos representados. Todavia, a grande conquista de uma democracia é liberdade no que concerne às divergências políticas e ideológicas. Hoje, é inconcebível que, num Estado de Direito, as opiniões circundem em torno de uma única ideologia, a ideologia de quem detém poder. Os artifícios dos dominadores são quase sempre os mesmos: força, influência, ameaças e artimanhas políticas corruptoras e retrógradas.

Os Aparelhos Ideológicos do Estado, tais como a Igreja, a Escola e Mídia, servem como verdadeiros instrumentos a serviço de quem age de maneira inadequada, sobretudo em lugares aonde a Justiça não chega, onde a ausência de políticas públicas transformam esses lugares em verdadeiras “terras-de-ninguém” . Para fortalecermos a democracia e a tornamos democracia de fato, é preciso ter acima de tudo, tolerância; não haverá, em lugar algum, Estado Democrático onde não haja oposição e onde essa oposição não se coloque, de forma responsável e construtiva.

Prefiro viver nesse caleidoscópio a viver sob a visão de um único par de óculos, prefiro a dúvida inquietante das palavras que soam loucas à lucidez ignorante do domínio, e é nessa miscelânea de idéias e ideais que se realizará a grande transformação da sociedade; e mesmo que pareçamos repetitivos: “"Posso não concordar com uma só palavra do que dizeis, mas defenderei até a morte vosso direito de dizê-lo." É princípio básico, homem sábio esse Voltaire!

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

É Dia de Festa

Enquanto a ferrugem cobre as máquinas
os homens de bem levantam estátuas
pra representar impérios e tiranos
querem ser lembrados como seres humanos

e no fervor da cidade que vive em zona
lembrando o estado da antiga Sodoma
vamos fazer festa pra comemorar
mais uma morte acontece e então podemos lembrar:

Que é dia de festa, em nossa cidade
e o mal da humanidade?
e o mal da humanidade?

Tentamos buscar força pra reagir
e perguntamos a alguém se isso tem que ser assim
somos franco-atiradores numa guerra sem fim
e produtos criados para a alguém distrair

alguns rezam a Deus e esperam a solução
toda essa gente que vive numa grande ilusão
o genocídio humano é grande e tão frio
"dos filhos deste solo és mãe gentil"

É dia de festa, em nossa cidade
e o mal da humanidade?
e o mal da humanidade?

sábado, 11 de outubro de 2008

Obrigado

Obrigado por me deixarem escrever esta canção
por ouvirem este protesto em oração
por motivarem toda revolução
nós somos gratos por nos dar diversão

e agradeço também por ver minha criança
totalmente alienada na frente da TV
me dizendo com toda sua boca desdentada
que o papai Noel vai aparecer

agradecer...

Mas, seu Zé, não reclame se sua vida tá ruim
entre num ônibus qualquer e comece a pedir:
"Senhoras e senhores, me arrumem algum trocado
se não puderem, lhes sou grato e digo: muito obrigado"

agradecer

Obrigado, meus patrões, por este fim de semana
parar no bar da esquina e gastar um salário tão bacana
e se eu trabalho todo dia, de sol a sol
agradeço, porque o Brasil é o país do futebol

e se no dia seguinte, tudo volta ao normal
eu agradeço outra vez
por acabarem com meu carnaval

agradecer...

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Sem inspiração...

FORRÓ NA GAFIEIRA
Silvério Pessoa

Cumpade
Guarde logo essa peixeira
Brincadeira! Que o forró já vai começar
Cumpade!
Eu já chamei o sanfoneiro
Botei lenha na fogueira,
Para celebrar
Cumpade!
Deixe logo de ranzinza, o cabra tava muito doido
E já deu no pé
Enquanto houver forró na gafieira
Deixe logo de besteira e vem arrastar pé
Amigos visitando a minha casa
Deixe aquele camarada
Salve Zé Mané

Eu também gosto
Da lapada do zabumba
Do batuque do pandeiro, de dançar o tempo inteiro
no escuro do candeeiro
Gente dando a mão
Eu creio que o forró é de terreiro
Gente humilde sem dinheiro vai pra diversão

Por isso entra Zé
A casa é tua Zé 2X
Tu vens de longe Zé
Prá brincadeira Zé

sábado, 6 de setembro de 2008

Fé Hi-Tech

Faz muito tempo que tô querendo escrever esse texto, mas a preguiça é maior. Pelo menos esse tempo me fez refletir sobre o assunto:
Antes de eu viajar ao Pará, minha mãe me fez prometer que, quando eu voltasse, iria com ela à igreja, orar e agradecer por tudo ter dado bem. Realmente deu tudo bem, só que quem me conhece sabe que eu não gosto muito de igreja, mas eu adoro observar, só observar.

Religião é um tema que recheia os blogs da vida por aí. Você vai lá, vem cá e vê sempre alguém escrevendo sobre esse tema, inclusive eu já escrevi em posts anteriores. Num breve histórico, conseguimos observar o período politeísta, em que todos os fenômenos da natureza eram atribuídos aos deuses, e grande parte dos mistérios do mundo era explicada através das almas. Até aí tudo bem; de fato, a ciência não era desenvolvida e muitas coisas não podiam ser explicadas, faltava TECNOLOGIA.

E como a gente procura religião, na grande maioria das vezes, pra encontrar explicação, passei muito tempo da minha vida freqüentando centro espírita, que explicava tudo através das vidas passadas, e "eu gosto mesmo é de vida real". Mas eu me lembro que era tudo meio tosco, as cadeiras eram aquelas de cinema antigo, as cortinas fediam a velhas, a poeira comia no centro( sem ironia); tinha um centro em Jaboatão que era mais tosco ainda, mas tava cheio de gente com fé, e isso eu admiro, de verdade! Perto da época em que iríamos parar de freqüentar o centro do Ipsep, começava uma campanha pra reformá-lo: comprar novas cadeiras, construir o primeiro andar para as palestras. Acontece que nem sei como andam as coisas lá, deve estar belo...
Só que muito mais que novas cadeiras e um primeiro andar, quando fui à igreja que minha mãe freqüenta, me impressionei com tamanho conforto e tecnologia: portas de vidro, ar condicionado, bons aparelhos de som... enfim, um luxo! E na realidade o que mais me chamou a atenção foram os datas-show; tinham dois, e com eles, todos os fiéis podiam acompanhar as letras das músicas que louvavam ao senhor bem grandes nas paredes daquela igreja, era fácil, ninguém precisava mostrar que sabia a letra como fizeram no aniversário da tia da minha namorada, mas isso é coisa pra outro post; era a tecnologia a serviço da "fé"(será?). O fato é que não existe mais a montanha de Maomé; aliás, ela existe, só que ela se move tão fácil que sua existência é insignificante. Maomé usa elevador e avião agora, Maomé recebe a montanha em casa, como um dia recebi os Mórmons aqui, Maomé usa data-show e o deserto africano não existe mais. Tudo em benefício da obra de Deus, e se tudo hoje em dia é Hi-Tech, por que a fé não pode ser? Hum...

Viva a revolução!

domingo, 17 de agosto de 2008

Balada Niihilista de Segunda-Feira - Sick Terror

Desisti de sorrir, desisti de sonhar
Desisti de querer viver em paz

Meus olhos no horizonte não encontram direção
Minha cabeça no buraco não encontra opção

Desisti de sorrir, desisti de sonhar
Desisti de querer viver em paz

Um mergulho ao parapeito,
Dia e noite sem pensar
Uma vida sem limites
Já não consigo parar....

* Essa é uma letra da banda paralela de Nenê Altro(vocalista do Dance of Days). Eu recomendo!