A culpa é da poesia
Não há prova do contrário
Essa poesia sem horário
Sem noite e sem dia
A culpa é da poesia
Essa poesia que dilacera
E que ao mesmo tempo acelera
Um pouco dessa agonia
A culpa é da poesia
Prendam-na, condenem.
Não deixem passar impunemente
A causa da letargia
A culpa é da poesia
É criatura peçonhenta
Invade tua moradia
E rápido te arrebenta
A culpa é da poesia
Insistente em nossas bocas
Que mesmo sendo tão rouca
Abocanha a calmaria
A culpa é da poesia
Que não aceita se calar
Roubando o pouco do ar
Que resta quando te via
A culpa é da poesia
Sabemos desde o começo
E pagamos pelo preço
De querê-la em demasia
Mas não matem a poesia
Guardem-na nos porões
Acorrentem os corações
Que cantam sua melodia
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