Alimentei um cão, dei-lhe na boca o farelo
Cheirava
Comia
Devorava
Dei de beber a um homem
Na frente de Santo Antônio
Eram descalços seus olhos
era nua sua vergonha
Perambulava na calçada de sua voraz cidade
Voracidade!
Dentes à mostra atacam, mãos ávidas de ter
e a inquietante dúvida: latir ou a lata?
Dei de comer a um cão, pegou-me pelos dedos
Sem lirismo a fome avança
Recuam os que têm medo
De saliva, miolo e sangue
armados seus filhos estão
no agasalho da noite, entre homens e cães
Alimentei um homem
Alimentei um cão
Alimentei um cão
Alimentei um homem...
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