terça-feira, 28 de maio de 2013

Será a pobreza exótica?

Andar pela rua, pegar ônibus lotado, tomar chuva, enfrentar as adversidades climáticas, cachorro-quente de rua com copinho de refrigerante, fiteiro, mercadinho, fazer conta, pegar empréstimo, parcelar compras... Se você é trabalhador assalariado, muito provavelmente essas palavras e ações, em sua grande maioria, fazem parte do seu cotidiano. Mas por que será que essas coisas são retratadas pela velha mídia de maneira tão grotesca?

Passando pelos canais de televisão, naqueles programas de mau gosto durante a tarde, nas novelas globais, ou até  mesmo nos programas jornalísticos, todas essas ações, que para você são as coisas mais normais do mundo, parecem ser práticas orientais, tais como comer insetos ou tomar banho no Tâmisa. Canso de ver, nesses espaços, matérias que mostram esses fatos de maneira "irreverente', sempre tentando colocar como algo estranho ou "engraçado". Matérias que mostram as "mulheres ricas" passeando por um mercado público ou reportagens sobre a culinária do nordeste (bode, cuscuz etc.), além de mau gosto, mostram uma extrema falta de criatividade dos editores. Além disso, na ficção, não é novidade para ninguém como a classe média é mostrada: favelas cinematográficas, práticas sociais duvidosas, com uma verdadeira ode à malandragem do morro, ou, na maioria das vezes, negros e negras, nordestinos e nordestinas serem sempre empregados domésticos ou personagens de segundo escalão.

Parcela considerável desses abusos, são causados pelo fato de termos uma mídia oligopolizada por sete famílias detentoras de quase todos os meios de comunicação. A televisão brasileira, de fato, não foi feita para ser vista e construída pela classe trabalhadora. O nordestino, o negro, a mulher e os jovens, nem de longe, se enxergam naquilo que é transmitido pela grande mídia. 

Democratizar os meios de comunicação é parte essencial para deixarmos de ver a pobreza e os grupos não-hegemônicos serem representados. Os que tanto defendem a liberdade de expressão, são, na verdade, os principais ditadores da informação. Regulamentar a atividade midiática no país é solução premente para que falemos todos. Não existirá democracia real enquanto a mídia alternativa e todos os grupos sociais existentes não tiverem espaço para ouvir e ser ouvido. 


Enquanto isso não vem, temos de ver nosso cotidiano ser caricaturizado por aqueles que dominam historicamente a informação no país. Mas mudar tal situação passa pela aprovação de um Marco Regulatório da imprensa no Brasil. Por isso, é essencial que quem defende essa bandeira, assine e divulgue o abaixo-assinado para a criação de um Projeto de Lei de iniciativa popular em favor da democracia e da liberdade de imprensa, e não de empresa. Juntos, podemos fazer com que a mídia brasileira possa ser para todos e feita por todos.

No link abaixo, seguem informações sobre como assinar e divulgar o abaixo assinado:

http://mariafro.com/2013/05/02/por-que-assinar-o-abaixo-assinado-para-o-projeto-lei-de-democratizacao-da-midia-e-como-fazer-para-assinar/

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