quinta-feira, 6 de março de 2014

10 Anos de Facebook, muitos mais de luta!

Recentemente o Facebook completou dez anos de existência. Além das lembranças na própria rede social, para além do filme que conta toda a saga do seu idealizador, essa data marca uma mudança na forma como a sociedade tem se comunicado e, ao mesmo tempo, um retorno à necessidade de se comunicar de fato.

O surgimento da internet no período da Guerra Fria, embora tenha sido feito por outros motivos, se confunde com a história da comunicação cada vez mais rápida que a rede proporciona; por isso, não seria exagero dizer que a história da informática como um todo se confunde com a história do que hoje denominamos de "redes sociais". Há, entre nós, uma geração de internautas que se acostumaram com esse modelo de comunicação: desde o antigo mIRC, passando pelo MSN,Orkut, Skype, entre outros. Além da marca da velocidade de comunicação existente nesses instrumentos, a velocidade com que também eles desapareceram do dia a dia do usuário.

E por que a experiência do Facebook tem sido tão duradoura?


Longe de ser um especialista no tema, arrisco-me a dizer algumas linhas sobre o caso: primeiro, para quem assistiu ao filme "A Rede Social", fica identificado, na concorrência capitalista  que esse mercado tem, a miscelânea de ideias e conceitos que constituem o Facebook - a primeira impressão, a leigos como eu, é de que ele é uma mistura de todas as experiências anteriores -, segundo, creio que o modo veloz e dinâmico por que são transmitidas as informações e, terceiro (e talvez o mais polêmico), a falta de mediação existente. Se antes, a divisão por grupos, comunidades, salas de bate-papo era essencial à participação dos internautas, no Facebook, a informação é livre e o filtro é o próprio leitor que faz, mesmo existindo grupos temáticos, não é aí que se dão as verdadeiras polêmicas, fazendo parecer, quando se debate política, um grande "horário eleitoral gratuito", ou melhor, um jogo de torcidas.

Embora haja pontos de críticas ao conteúdo e aos interesses do que tem se tornado uma das cinco maiores empresas do ramo, precisamos investigar o motivo do seu sucesso, principalmente no Brasil. Nosso país tem sido campo fértil para todas essas experiências em rede. Mesmo num país cuja desigualdade social é imensa e o acesso à rede mundial de computadores não seja tão justa, no Facebook, há uma certa "democracia virtual", em que as opiniões de quem escreve de um "xing-ling" chega ao mesmo ambiente dos que escrevem das salas de redação de grandes empresas jornalísticas. Portanto, num país em que a concentração da informação/desinformação da grande (velha) mídia é imensa, há sim, um fator positivo a ser comemorado.

Porém,  mesmo com a possibilidade de, no caso dos marxistas, se enxergar nos "meios de comunicação que são criados pela grande indústria" (Manifesto Comunista) a possibilidade de "operários de localidades diferentes contatarem entre si" (idem), ou ainda lembrar o papel que os jornais impressos cumpriram, como o "Iskra", na Revolução Russa de 17; a esquerda ainda engatinha na apropriação desses meios de comunicação. Mesmo assim, é através das redes sociais que é potencializada a importância dos blogs alternativos. Se não fossem eles - e sua repercussão nas redes - ainda hoje acreditaríamos no "suposto objeto" jogado na cabeça de José Serra, vulgo bolinha de papel.



Por isso, mesmo não sendo grandes novidades, mais do que reelaborar um "ativismo" vazio pela "democratização dos meios de comunicação", é preciso entender os motivos que fazem dessa luta uma luta estratégica. Saber, primeiro, entender com quem estão os "meios de reprodução" da opinião e entender que os mesmos estão nas mãos dos nossos inimigos de classe é fundamental; segundo, saber fazer dessa luta um meio para a elevação da consciência da população, sem, para isso, abrir mão dos instrumentos que a burguesia domina e conduz diante da luta de classes, mas que sirva a nossos interesses, na luta contra uma mídia cada vez mais monopolizada.

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