segunda-feira, 12 de maio de 2014

Amor caseiro


“Vende-se amor caseiro”. Foi o que vi naquela placa à frente da casa humilde. Não precisando comprá-lo, fiquei a indagar o que seria esse tal “amor caseiro” com placa de anúncio.

Amor caseiro é alimento: brigadeiro de panela, feito num domingo de chuva e apreciado na mesma colher; amor caseiro é pipoca quentinha, entrelaçando os dedos por dentro da vasilha e os olhares por dentro da alma. É saliva matando a sede, é corpo matando o frio.

Amor caseiro é a roupa dela em cima da minha, confundindo-se os cheiros, misturando a vontade. Amor caseiro é a disputa do controle remoto, democracia da programação, lugar marcado no meu peito...

Amor caseiro é falta, nunca excedente, não se vende, não se compra. É dor de cabeça, abano e massagem. Beijo no olho, café na cama.


Amor caseiro é ela, amor caseiro sou eu.

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