terça-feira, 23 de junho de 2015

O tribuno do povo hoje e a revolução brasileira


Desde que o PCdoB na retomou de sua legalidade e tomou a decisão de participar ativamente das eleições burguesas, verificou-se um crescimento exponencial de sua influência e protagonismo nas relações sociais brasileiras. Decisão deste porte exigiu - e exige diariamente - a justa elaboração política e coetâneo esforço coletivo na aplicação dessa elaboração. 

Dentre os motivos pelos quais exige-se justa elaboração e esforço coletivo, encontram-se: 1) a luta pela hegemonia não pode ser tarefa de poucos, de uma vanguarda "iluminada"; 2) na busca pela hegemonia é preciso saber dialogar com os mais amplos setores sociais e lutadores do povo, o que requer o número 3): qualidade na nossa intervenção enquanto "vitrines" do PCdoB.

A cuidadosa perseguição pela qualidade de nossa intervenção parte do entendimento de que na trajetória de 93 anos de luta do PCdoB, dentre os quais 60 na ilegalidade, houve o enfrentamento das classes dominantes e o incansável esforço de nos colocar à margem da cena social, motivo pelo qual quase sempre nossas "vitrines" eram clandestinas e desconhecidas das grandes massas. No máximo, eram "reservadas" a influência em alguns sindicatos.

No esforço de não nos transformarmos em gueto, sempre se juntou à nossa tradição com os trabalhadores, as disputas eleitorais, como no caso do BOC, e Constituinte de 46, e nossa relação com a cultura: Jorge Amado, Graciliano Ramos, Raquel de Queiroz etc.

Com a derrubada do neoliberalismo e assunção de Lula ao poder em 2002, enxergava-se a possibilidade de crescimento partidário ainda diante de uma situação adversa e de um sistema político burguês. No entanto, a decisão de abrir as portas do partido para os lutadores do povo, na busca de enraizar nossa opinião e criar mais relação com o povo, mostrando-se acertada, passa a exigir a incansável perseguição contra os desvios que podem rebaixar o papel do partido: o pragmatismo, o liberalismo, o corporativismo e o dogmatismo.

Neste ambiente atual, portanto, as eleições podem cumprir estratégicos no crescimento do partido e em sua ligação com o povo, todavia, há que se reforçar a vigilância para que, nesse ambiente, não se abra espaço para os desvios acima.

Nesse sentido, cabe atenção especial àqueles que representam o PCdoB publicamente. Segundo Lênin, "o agitador é um tribuno popular que sabe falar às massas, comunicar-lhes o seu entusiasmo e agarrar os fatos mais salientes e elucidativos."

No entanto, tanto no ambiente sindical quanto no ambiente eleitoral, por ora corremos o risco de sucumbir às pressões burocráticas, corporativistas e pragmáticas, além das economicistas. Sobre isso, Lênin já alertava sobre os risco de os trabalhadores se contentarem com a melhoria temporária da situação de alguns deles. À figura que Lênin, antes chamava de "burocrata sindical", ouso afirmar a existência do "burocrata do voto", ou do "burocrata da administração pública", cujos números da tecnocracia bastam para afirmar a existência do espaço que ocupam

Para Lênin:

"Jamais se repetirá suficientemente que o ideal de um social-democrata não deve ser o secretário de uma 'trade-union', mas o tribuno popular que sabe reagir contra toda manifestação de arbítrio e de opressão, onde quer que essa se manifeste e qualquer que seja a classe ou a categoria que os sofre; que sabe generalizar todos estes fatos e unificá-los num quadro completo da violência policial e da exploração capitalista; que sabe, enfim, aproveitar a mínima ocasião para expor diante de todos as próprias convicções socialistas e as próprias reivindicações democráticas, a fim de explicar a todos a importância histórica mundial da luta emancipadora do proletariado."

No ambiente atual, em que a escolha sobre quem deve ocupar os espaços públicos através das eleições é cada vez mais determinado pelo poder econômico, torna-se ainda mais necessária a vigilância permanente diante das práticas comunistas nos espaços de poder, pois como afirmou Lukács, "o funcionamento indisturbado do domínio da burguesia é facilitado pela atomização das massas populares, pela sua ideologia corporativa, segundo a qual cada um se contenta com o trabalho particular que lhe é indicado pela divisão capitalista do trabalho e aceita conscientemente as formas de pensar e de sentir que decorrem espontaneamente desta divisão."

Por isso, para o sucesso da revolução brasileira, com feições nacionais, permaneçamos atentos às pressões externas e internas que podem diminuir o papel daqueles que estão, coletivamente, motivados a realizar a transformação mais profunda que pode existir em nossa sociedade: a mudança desse sistema opressor, desigual e corrupto por um sistema de igualdade e fraternidade. Os protagonistas dessa luta, a vanguarda revolucionária, os comunistas precisam ser, cada vez mais, homens e mulheres preparados para arrastar milhões à luta do proletariado e dos povos oprimidos, em qualquer espaço que estejam, de qualquer microfone de onde fale, para todo público para o qual se dirija!




Um comentário:

Diego alves disse...

Comunista e Tricolor !