quarta-feira, 3 de agosto de 2016

As Olimpíadas e a chance do futebol brasileiro se redimir


Nesta sexta-feira, um símbolo do Brasil que vivemos nos últimos 13 anos será inaugurado em pleno Rio de Janeiro: as Olimpíadas do Rio 2016. Fruto de um país que, comandado por um operário e por uma mulher, mostrou que é capaz de sediar grandes eventos e mostrar a forma ativa e altiva de se inserir no mundo, seja comercialmente, economicamente ou desportivamente.

Para além da questão de ser uma sede, foi nesse período mais recente que a competitividade dos atletas nacionais passou a ser levada a sério, com a Lei do Incentivo ao Esporte e iniciativas como o Bolsa Atleta, que proporcionaram aos atletas de alto rendimento dedicarem-se integralmente às suas práticas esportivas. Além disso, programas como o Segundo Tempo, elevaram a importância da prática esportiva na vida das pessoas, desde sua infância.

Sem pormenorizar cada aspecto político - relevantes, é claro - e dos demais esportes, cabe ressaltar a estreia do futebol brasileiro nas competições - masculina e feminina - de futebol, uma rara oportunidade que a pátria de chuteiras tem de se reencontrar com sua seleção e com a paixão de voltar a torcer por seu país nos gramados, e que a organização do futebol brasileiro - CBF, técnicos e jogadores - têm de se redimir com os torcedores.

Hoje, logo menos, a Seleção Feminina de Futebol estreia contra a China. Guerreiras, sem nenhum incentivo dos organizadores do futebol brasileiro, mas com um time de craques, esperam - elas sim - que o futebol brasileiro se redima com elas e, quem sabe, serem mais levadas a sério e terem a oportunidade de serem tratadas de maneira equitativa.

No futebol masculino, de estreia marcada para amanhã entre Brasil e África do Sul, uma maneira de se redimir com todos aqueles que, há dois anos, depositaram a esperança de gritar um título de Copa do Mundo em solo nacional.

Naquele período, mesmo com toda a oposição que o evento sofreu, o povo brasileiro se mobilizou e carregou uma grande esperança de ver jogadores de renome como Neymar, Willian, Marcelo e Daniel Alves levantarem a taça. Infelizmente, por questões táticas e técnicas, mas sobretudo, reflexos da nossa organização, sofremos o maior vexame da história do nosso futebol, nem de longe comparável ao Maracanaço da copa de 1950.

Hoje, com uma nova geração, em sua maioria menores de 23 anos (três acima dessa idade), podemos novamente cantar a esperança de levantar um título importante para a história do futebol brasileiro - dessa vez a inédita medalha de ouro olímpica. 

Talentos, nessa geração, são muitos. Diferentemente do que alguns comentaristas esportivos da nossa mídia colonizada afirmam, não temos uma crise de "formação de craques", afinal de contas, que outra seleção tem ao luxo de, na sua seleção que não é a principal, contar com talentos como Marquinhos, Rafinha Alcântara, Felipe Anderson, Gabriel, Gabriel Jesus e Luan? Qual é o outro país que, ano após ano, emplaca 4 jogadores na seleção mundial da FIFA?

Dessa forma, se o problema não é de geração, temos, diante dos nossos olhos, uma ótima oportunidade de ver a recuperação nascente do futebol brasileiro, que, mesmo maltratado pelos seus gestores, tem, na esperança de cada jovem o amor pela bola desde cedo e a vontade de vê-lo bem tratado, começando pelos técnicos e passando aos gestores. Obviamente, um título não significa a mudança que queremos ver, mas ajuda a, pelo menos, esquecermos a tristeza de dois anos atrás. Vejamos.

Nenhum comentário: