segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Pelo fim da colônia futebolística



O futebol brasileiro neste último domingo conheceu seu mais novo campeão. Ou nem tão novo assim, já que o Palmeiras é o clube com maior número de conquistas nacionais, se juntarmos os campeonatos Roberto Gomes Pedrosa e Taça Brasil ao tradicional campeonato brasileiro iniciado em 1971.

Afora as questões que chamam atenção no sucesso do campeão - gestão eficiente, elenco forte sem grandes estrelas e um excelente técnico - chama atenção , também, o que talvez seja o único craque desse time que mostrou ser um time trabalhador, o Gabriel Jesus.

Gabriel Jesus é mais um caso de um jovem negro brasileiro que enxergou no futebol uma forma de ascender socialmente, já que, no Brasil, negros e periféricos são todos os dias destinados pelas classes dominantes a serem força de trabalho barata para enriquecê-los.

No entanto, a lógica de uma classe dominante, que no Brasil sempre teve o exercício de dominação através de uma lógica escravagista, não está fora do futebol.

E é aí que a venda do Gabriel Jesus, aos 19 anos, para um clube europeu confirma, mais uma vez, a lógica escravista do futebol brasileiro, exportador de "pés-de-obra" negros para o velho mundo sem ao menos completar sua formação futebolística e tendo do torcedor brasileiro a cobrança em tom de obrigação em torno do seu desempenho que precisa ser perfeito.

Os jogadores brasileiros, sobretudo após a criação da Lei Pelé, acentuou essa realidade nos últimos anos. Jogadores cujos "direitos federativos" -  ou propriedade - são fatiados como pizza entre empresários e capitães do mato modernos, estes sim os mais interessados em fazer essas transferências virarem sucesso.

Enquanto isso, empresas de televisão, patrocinadores e CBF se derretem ao "espetáculo futebolístico" produzido pelo velho mundo, um exemplo clássico do que é a mente colonizada de nossa elite e, consequentemente, de parte das camadas médias e classe trabalhadora; reproduzindo a antiga lógica da venda dos produtos primários em troca do espetáculo tecnológico produzido pelos países desenvolvidos.

O futebol brasileiro, mesmo assim, ainda é o futebol mais vencedor no mundo, contrariando uma lógica perversa que há no mundo capitalista e no setor mais rentável da indústria do entretenimento. 

E é por isso, entre essas e outras, que é preciso reforçar, também no futebol, o sentimento nacional, de fortalecer as nossas experiencias, os nossos campeonatos e os nossos clubes, contra o sentimento de colônia que nos tentam imprimir. O Brasil é um país imenso e o futebol é nosso símbolo, queiram ou não queiram os juízes. 

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