quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Um convite à resistência em 2017


O ano de 2016 não foi fácil. Definitivamente não foi. Será marcado, no Brasil e no mundo, pela continuação da crise econômica do capitalismo, cujos efeitos vêm se tornando cada vez mais profundos e duradouros, com o crescimento das ideias fascistas mundo afora, xenofobia, racismo e negação à política.

No Brasil, esse ambiente nos levou a mais um dos episódios mais tristes de nossa história: mais um golpe de estado, mais um ataque à democracia e aos direitos históricos conquistados pela classe trabalhadora. Por todos os lados, o que se vê é uma entrega rápida do Brasil ao capital estrangeiro, sobretudo ao estadunidense e, surpreendentemente, com adesão de parcela considerável das camadas médias urbanas e trabalhadores brasileiros.

Não sem razão, na base do processo fraudulento de impeachment da presidenta Dilma, esteve o apoio de parte considerável da "opinião pública". Movidos por uma crise econômica que passava a afetar de maneira mais direta suas vidas, além, é claro, de uma campanha incessante da grande (velha) mídia brasileira, a verdade é que a classe trabalhadora viu tudo isso acontecer sem perceber aonde iríamos chegar. Parte dessa cegueira é explicada - dentro da campanha midiática - por uma falsa crença de que os problemas econômicos do Brasil se resumiam a uma chamada "crise de confiança" do mercado e que bastaria trocar a presidente que tudo estaria resolvido. A confiança voltaria e, automaticamente, os investimentos privados também.

O que parte considerável do povo - ou do inocente útil -  não sabia era que a receita de "recuperação da confiança" do mercado no Brasil passa por um retorno profundo e grotesco às políticas econômicas neoliberais que deram errado no mundo todo, no Brasil, e mais recentemente, na Europa. A política de austeridade, sob o mantra de "melhor aproveitamento dos recursos", no Brasil, tem uma face ainda mais cruel, visto que o fim da "gastança" passa única e exclusivamente sobre aquilo que é investimento público em áreas sociais, naquilo que se refere à presença do Estado na vida da população brasileira como um todo. No entanto, o saldo dos rentistas e especuladores - verdadeiros sabotadores da economia nacional - está garantido através da política de juros exorbitantes praticada pelo Banco Central brasileiro e aprovada na LOA de 2017. Pagamento direto e em agradecimento aos patrocinadores do golpe de estado.

Todavia, é de se imaginar que parte considerável dos trabalhadores não imaginavam a velocidade e agudeza das medidas anti-povo realizadas nos 8 primeiros meses de governo golpista. Os que foram contra os governos do PT por conta da corrupção acabaram colocando no poder uma quadrilha de batedores de carteira do baixo clero da politica nacional; os que criticavam Dilma por não ter conseguido fazer o Brasil crescer no período mais recente vêem todos os dias os índices de nossa economia naufragarem, o desemprego aumentar, as atividades industrial e comercial em declínio; e os que acreditavam que a governança das estatais precisava sair das mãos dos corruptos vêem o Brasil entregar seu patrimônio dia a dia e a Petrobras, principal empresa brasileira, ser desidratada até não poder mais.

Os que foram às ruas, com certa razão, é claro, não esperavam que a saída para a crise brasileira desse no que deu. Mas deu. E por isso, é preciso fazer, de parte dessa população insatisfeita - que não é rentista, não se beneficia com o golpe - aderir ao exército de resistência que devemos preparar para o já corrente ano de 2017.

Passados 11 dias do corrente ano, já se expõem ainda mais contradições e escândalos do governo golpista. Assim como já se acentua a percepção de parte da classe trabalhadora que passa a perceber que foi enganada. Percebem que a troca de governo não foi feita para beneficiar os que encheram as ruas - em parte - pedindo melhorias, mas sim os cofres das grandes finanças internacionais e dizer amém às políticas praticadas pelos especuladores internacionais, além, é claro, de contribuir, tal qual um cachorro fiel a seu dono, para a governança mundial dos Estados Unidos, que durante os últimos anos viu essa possibilidade se esvaindo.

Por isso, é preciso fazer com que a luta daqueles que acreditavam que mudanças precisavam ser feitas e a luta daqueles que resistiram ao ataque à democracia se unam em resistência, em defesa do Brasil e da soberania nacional, pela recuperação do Estado Democrático de Direito e pelo desenvolvimento nacional. São bandeiras justas e que têm um ano inteiro pela frente para serem levantadas, com amplitude e coragem para resistir. Façamos que nossas mãos estejam sempre estendidas em convite àqueles que querem mudar o Brasil de verdade e não entregá-lo ao capital internacional. 2017 nos aguarda. Vamos à luta

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