“Tchau, pai!” – Dizia eu ao avistar o avião por cima da
cabeça.
Andávamos em fila, do maior ao menor, todos acenando com a
mão para os seus pais no avião.
Tudo era ausência, ausência presente! Ausência que marca, e
que faz parte do cenário. É como o silêncio que diz, como o negro da noite. É
tudo ausência.
Ausência gritando por mais atenção, ausência que dá febre!
E de lá de baixo, eu ainda gritava: “Tchau, pai!”.
Ausência, nada mais que ausência, respondendo às chamadas da
escola, explicando a excentricidade alheia. Ausência nos gritos de gol,
ausência de voz...
E o avião passava, todos os dias... Mas já não achava graça
em dizer o “tchau, pai!”
Adeus, a Deus eu pedia, que fosse adeus. Adeus para a
ausência, cruzando os dedos para ela se fazer ausente, mas a ausência, teimosa,
não deixava de se mostrar, de se exibir.
Mas a ausência é discreta, vez em quando vem me atormentar,
nas palavras traiçoeiras de quem te protege, e a gente se acostuma, a gente se
ausenta...
Aquela criança do “tchau, pai” tornou-se ausente, ausente
dos abraços exagerados, dos sorrisos escangalhados. Aquela criança, ao ver os aviões passarem, só
lembra o quanto de ausência existe no mundo.
E lembra, como se desculpando, que todos somos um pouco de
ausência.
Um comentário:
Muito bom.
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