sexta-feira, 15 de maio de 2015

A 10ª Conferência do PCdoB e seu sentido histórico



As conferências nacionais do PCdoB, convocadas de maneira extraordinária, refletem as necessidades candentes que por ora surgem no curso da luta política real. Assim foi realizada entre os dias 27 e 30 de agosto de 1943, na Serra da Mantiqueira a 2ª Conferência Nacional, com o intuito de reestruturar o PCdo Brasil, ocasião em que tornava-se necessária sua reestruturação diante do cerco realizado pelo Estado Novo ao partido e as divergências internas quanto ao destino do movimento comunista entre os liquidacionistas, o grupo de união nacional contra Vargas e os camaradas da CNOP, que achavam fundamental a reestruturação do partido para enfrentar as batalhas do momento.

Em 1962, diante da cisão do movimento comunista brasileiro, entre os revisionistas, que, contaminados pelos documentos secretos divulgados por Kruschev no 20º Congresso do PCUS, advogavam a tomada da linha reformista, de convivência pacífica com o capitalismo e os revolucionários que lutavam pela permanência da história de lutas e continuidade do caráter revolucionário do partido, preservando o marxismo-leninismo como norte teórico e o nome do partido como Partido Comunista do Brasil, foi organizada a 5ª Conferência; a conferência que, nas palavras de João Amazonas, "representou a continuidade do velho Partido Comunista do Brasil".

Com o advento daquele que foi um dos episódios mais nefastos de nossa história, o Golpe Militar, em 1966, foi convocada a 6ª Conferência, que apregoava a "União dos brasileiros para livrar o país da crise, da ditadura e da ameaça neocolonialista". Esse documento afirmava: "Na hora presente, o povo brasileiro tem diante de si importante e urgente tarefa: unir-se para livrar o país da ameaça de recolonização, da grave crise em que se debate e do sistema político ultrarreacionário imposto pela ditadura".

Mais uma vez, em mais um momento difícil da luta dos comunistas, após a Chacina da Lapa, com vários de seus militante presos ou exilados, foi realizada a 7ª Conferência, duas etapas: a primeira no segundo semestre de 78 e a segunda entre junho e julho de 79, onde, mais uma vez, foi preciso realizar um trabalho de reestruturação partidária, que havia sofrido várias baixas.

Em 2003, mais uma vez instado a se desafiar e propor o debate coletivo acerca dos rumos partidários, impulsionados pelo grande êxito que foi a vitória de Lula em 2002 e a possibilidade de abertura de um novo ciclo político que o Brasil poderia vivenciar, o PCdoB realiza sua 9ª Conferência, na qual diz que, naquele momento, em um mundo de ordem unipolar "o êxito da construção da nova estratégia nacional de desenvolvimento está intimamente ligado à reconstrução da soberania do Brasil no plano mundial e da América Latina, e à recomposição do Estado nacional". Daí a decisão, naquele momento de participar do Governo Lula, afirmando que "O apoio e participação do PCdoB no governo Lula tem razões estratégicas porque é através dele, nas atuais condições, que existe a possibilidade de mudança democrática e soberana. Não há alternativa mais avançada, viável, nessa quadra da luta política em nosso país. O fracasso do governo Lula seria também a derrota das forças de esquerda e renovadoras e, mais ainda, a via para a volta das forças conservadoras ao centro do poder."

Hoje, num momento não menos complexo do que os outrora vividos pelos 93 anos de história de nosso partido, mais uma vez nos colocamos diante do desafio de inovar, de se reinventar, mesmo em períodos de turbulência.

A ofensiva que a direita conservadora tem imposto à agenda politica brasileira nos últimos meses não intimida o PCdoB de propor a agenda que os trabalhadores, as mulheres e a juventude almeja nesse período: pela democracia, contra o golpe; pela defesa da Petrobras e da engenharia nacional; por uma reforma politica com fim do financiamento empresarial de campanhas e pela retomada do crescimento econômico sem perdas de direitos dos trabalhadores.

Para além disso, e com significado histórico inigualável, a 10ª Conferência Nacional do PCdoB, cumprindo determinação de seu 13º Congresso, vem realizar a sucessão de sua presidência, para a qual será conduzida a camarada Luciana Santos, representante de uma 4ª geração de comunistas, cujo perfil de dedicação à luta de maneira leve, mas ao mesmo tempo cheia de convicção ideológica trazem confiança do coletivo partidário em torno de sua liderança e competência.

Mais do que isso, a condução de Luciana Santos à presidência do partido atesta o que afirma o documento da conferência quando diz que o novo estatuto partidário aprimora a inter-relação entre permanência e renovação, referendando a nova política de quadros do partido e dando continuidade à direção revolucionária.

A renovação na presidência do partido reafirma aquilo que já dissera João Amazonas: "não há cargos vitalícios no PCdoB". Mais: nosso partido, rotacionado em torno de ideias, demonstra disposição de abrir-se a novas experiências, inclusive daqueles que vivem outro período histórico e que estão dispostos a transformar essa história, vivendo-a e modificando-a.

Na incessante busca de fazer  a revolução com feições nacionais, o PCdoB atualiza-se, afirmando a sua convicção revolucionária e o talento de fazer bem ao Brasil. Juntando em suas fileiras aqueles que derramaram sangue por democracia, por mais direitos e por um país soberano aos filhos daqueles que tombaram na Lapa, no Araguaia, entre outros.

Da justa comunhão de gerações revolucionárias, renova-se a esperança num Brasil justo e economicamente livre, renova-se a certeza de que nossa luta valerá a pena.

Viva a luta do povo brasileiro, viva o PCdoB!

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