quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Vivo

Se não houvesse as sirenes
para lembrar-me que o mundo é cão
para dizer-me ainda são

talvez só escutasse o silêncio
talvez só sentisse a solidão
ou o amargo gosto das flores em que pisei

Se não fosse o cinza dos céus
para fazer-me acreditar que a chuva irá cair
poderia deitar-me e esperar a reação
a bendita unção que os tolos dizem acreditar

se não fossem as orações ditas por minha mãe
confundiria-me com os cães
que ladram esperanças e maledicências
que trocam fúrias pelo papel
enganando a fome e bendizendo Deus

Se não fossem as dores que sinto
não mentiria como minto
pela ponta da caneta
anunciando como trombeta
que posso dizer adeus

acenando com os braços meus
àqueles que fingem saudade
lembrando o que a pouca idade
ainda não corroeu.

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