sexta-feira, 30 de novembro de 2007

O Brasil Existe Em Mim

O Brasil existe em mim como chorinho de criança.
, Geraldo Azevedo afirma isso em seu novo cd: O Brasil Existe em Mim.
E realmente falar de Geraldinho é algo difícil pra um ser mortal como eu. Mas esse cd tá muito bom: Começa com uma música que mais brasileira não poderia ser: O Que Me Faz Cantar, lembra aquelas músicas de roda, ciranda; uma canção com uma diversidade de melodias incrível.
A segunda faixa "Chorinho de Criança" é, concerteza, a melhor música do cd; se é que e posso me arriscar a dizer isso. Mas essa música é muito linda. É aquele típico choro brasileiro, com direito a sopro, pandeiro e tamborim. Música nota 10.
"O Paraíso Agora" com seus solinhos de violão e a batida caribenha e que tem com suas levadas percussivas de extremo bom gosto e riqueza.
Mais uma vez demonstrando seu orgulho brasileiro, Geraldo Azevedo, com a participação de Elba Ramalho, canta essa música primorosa: um forró pé-de-serra, com direito a guitarra e tudo mais. Muito bom!
A quinta canção Farol Luar é uma de minhas favoritas: letra com rimas internas, aliterações, e principalmente uma guitarrazinha e uma levada num ritmo de blues, que misturados à voz de Geraldo Azevedo trazem algo bastante agradável.
"Já que o som não acabou" é outro forrzinho pé-de-serra. Dessa vez com a participação de Alceu Valença. Os dois evocando muitas vezes o mestre Jackson do Pandeiro. A voz de Alceu combinou perfeitamente na música.
Em Sonho é outra música que tem uma levada de Blues devido à guitarra. Mas a brasilidade no jeito que se toca o violão e na voz de Geraldo não passam em branco.
"O Nome do Mistério" é outra canção levada por uma batida blues, com a guitarra dessa vez mais discreta. A letra é primorosa!
"Você Minha Ilha", sambinha massa!
Reggae!! Sim, Geraldo Azevedo fez reggae nesse cd! A outra música que é um xodó pra mim: Ver de Novo.
Essa música tem participação de sua filha, Clarice Azevedo. Muito boa a música!
O álbum ainda conta com as canções "Serena Cor" e "Tudo é Deus". Além de um remix da música O Paraíso Agora. Geraldinho sendo garantia de sucesso até nas pistas de dança!
Eu recomendo!

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Fé? Fé?! Fé! Fé...

Essa semana aconteceu algo muito interessante: dois mórmons vieram aqui em casa. É, dois mórmons; aqueles carinhas que a gente vê andando pela rua de terno e gravata num sol "miserávi". Eu nunca soube muito bem o que eles faziam perambulando pela cidade e sempre tive muita curiosidade em saber o que de fato se fazia; sempre tem um americano no meio ,né?

Pois é, eis que recebo um desses americanos e um carioca aqui em casa, perguntando se era casa de Terezinha, e se tinham pedido um DVD, fui chamar minha mãe e eles entraram pra "pregar". Só que os caras eram muito novos, comentei com minha mãe que eles estavam meio sem saber o que dizer. Mas aqui estavam, tentando "salvar almas".

Talvez realmente minha alma esteja perdida, mas algumas coisas me deixam extremamente tocado: Ver duas pessoas em uma cidade completamente estranha para "pregar", segundo minha mãe, deve ser um sacrifício, né? Mas a resposta deles surpreende, não pelas palavras, mas pela naturalidade: "Não, num é sacrifício, não".

Mas também há coisas que eu não gosto: O principal motivo pelo qual eu não sigo qualquer religião é o fato de muitas vezez(quase sempre), a doutrina A ou doutrina B se sentir a dona da verdade, a verdade inquestionável sobre Deus, por serem a certa. Essa diversidade de pensamentos dentro da própria Igreja Cristã mostra o quanto as palavras são manipuladas pelo próprio homem, a Igreja Católica é de Pedro; a Evangélica é de Lutero. Igrejas que não são conforme eles dizem de Deus. E a minha qual é?

A minha religião é a do Respeito. Respeito pelas diferenças de pensamento, de crença e de cultura. Quando eu lembro que aqueles carequinhas lá da Índia nem conheceram Jesus Cristo, e têm uma disciplina religiosa e uma vontade de fazer o bem que nenhum cristão bota defeito, só me faz crescer o respeito e admiração por eles. E os Afros que todo mundo chama de macumbeiro? E os índios que tiveram sua cultura dizimada pelos critãos? Astecas, Maias, Incas?

Aí minha mãe disse que a religião certa é a de Cristo. Se uma tá certa a outra tá errada, num é?

Ah bom, então os Budistas, os índios são tudo filho do capeta, né?

é...eu também, também devo ser filho do capeta, ou de Alá, sei lá. Da Deusa Mãe, do Deus Sol, ou de Tupã...


Não, eu ao menos tento ser, filho do respeito e da inteligência pra ao menos discernir que se existe Deus ele é um só.Respeito todas as manifestações que procuram fazer o bem acredite no que quiser. Pra falar a verdade até admiro essa galera que tem aquela fé de verdade, não a cega, a fé que dizem mover montanhas. Ela ao menos deve trazer energia positiva.Fé? Tenho alguma. Mas não sei qual é a fé certa, já que dizem haver tantas fés erradas.

E você?

O Leite

O leite estava ali, parado, estático, com sua cor branca a mudar a paisagem daquele chão. As baratas e todos os bichos que eu sempre tive asco invadiam o território pintado de branco pelo leite espalhado. Era, o leite não tinha capacidade de se mover mais; só serviria de distração e alimento para os meus desejos.

Primeiro avistou uma barata, ela não se sentia incomodada com a presença humana, só queria estar próxima ao leite que estava derramado, ali, no chão, mais uma vez. O leite começava a amarelar, e eu comecei a perceber que não se tratava mais do leite que outrora tomara no conforto de meu quarto; e sim, o retrato oblíquo de minha podridão.

Aquele cheiro invadira nosso ser e todos os sentimentos de pseudoforça que me dizia que eu deveria pegar a vassoura e limpar aquele leite que tivera derramado. Percebi a minha incapacidade de fazer o carretel de linha voltar após costuras na minha boca. Minha incapacidade de fazer a agulha buscar a linha...

Incapaz, nada mais do que incapaz. Peguei a vassoura e comecei a limpar aquela fétida cena da minha mente, a linha se perdeu e uma lágrima caiu. Foi aí que percebi a sujeira a limpar minha alma.

sábado, 24 de novembro de 2007

Estás a ver?

Nunca pareceu tão perto, nunca pareceu tão perto o momento em que eu sairia deste lugar.
As árvores deixam seus frutos cairem assim como eu deixo cair minha lucidez; sem nenhuma reação. Mais uma vez meu radinho de pilha me serve de conforto. Consigo ouvir as freqüências, como se pudesse enxergar o que se passa ali dentro daquele ser inanimado,
aquele ser que funciona devido à uma frágil carga elétrica.

Assim estive durante todo o tempo em que aqui me repousei, funcionando à base de cargas elétricas e de olhares de pena e de superioridade. Há alguns anos o céu está pálido e a ferrugem parece comer a paisagem que outrora via através das grades. Parecia tudo tão calmo, um toque de Deus diante da perturbadora nação de "endemoniados". A música que tocava dizia algo sobre "o que eu penso sobre você". Comecei a pensar que eu não penso, pensei sem ao menos pensar que meus pensamentos eram pássaros, eram as grades e eram as chaves, meus pensamentos me prendiam e me libertavam; me levavam ao céu, me traziam de volta à terra.

E cá estava eu, mais uma vez sedado; mais uma vez aliviado. A tensão que aqueles sons me proporcionavam tinha acabado
e mais uma vez estava sendo chamado de louco, mais uma vez pedindo para morrer.

E os anos se foram, todos se foram. Fiquei aqui olhando o movimento. Aos sábados, o João vinha trazer mais pilhas para colocar em meu rádio. Presenciei silenciosamente a passagens de homens engravatados que queriam erguer a torre, os que queriam empilhar pedras, a fim de trazer o conforto; presenciei curiosos. De tudo um pouco. E lá estava eu, hora vestido de branco, hora vestido de azul carregando nos meus fundos olhos a imagem da aspereza do mundo.

Minha auta? Ela nunca saiu; na verdade aquele papel nunca me serviu mesmo. As chagas que o mundo me causou nunca serão reduzidas, os cabelos que perdi nunca serão recuperados, o sorriso que sorri nunca mais se abrirá. A vida que pedi...

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Eu Preciso te Falar

Finalmente a Overdose Homeopática decidiu quais serão as próximas músicas a serem gravadas. São elas: Verdade X Mentira e Eu Preciso te Falar.

Pra quem não sabe, estamos num processo pra tocar lá no Mato Grosso do Sul, num festival que se chama Playmorock. Estamos contando os dias pra tocar!

aqui vai a letra de eu preciso te falar, letra de minha autoria:

olha, eu preciso te falar
que algum tempo atrás
tudo era diferente
pensei que o mundo iria melhorar
e que em minhas mãos estava a solução pra a gente

tive que ver sumir aquelas sombras
que impediam o sol de entrar em minha janela
cresci, ouvi falar em revolução
e até agora eu espero por ela

me juntei à empresa que me faz progredir
me tornei escravo de tudo que eu nunca quis
já vesti meu terno, vou me apresentar
mas não sei bem ao certo qual discurso usar

meu filho tá em casa esperando o papai
na tv se transmitem manifestações por paz
e é no fio da navalha que eu vou ter que viver
é a batalha diária que eu vou ter que vencer

roubaram minha paciência
roubaram todos os meus sonhos
roubaram minha vida inteira
roubaram o meu ar risonho...

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Não Temos mais Escolha

Há tempos vinha procurando um lugar pra me esconder. Primeiro, tentei me esconder atrás daquele homem magro que percorriaa cidade com a mão trêmula. Carregava um papel com os seguintes dizeres: "Não temos mais escolha". Obrevei sua face suadae procurei me esquivar de uma possível situação prejudicial. Assim fazia eu durante todos os meus dias, sempre me esquivando,sempre procurando esconderijos em meio a um palco cotidiano.

Estava lá, estava indo para mais uma entrevista de emprego às quais eu me submetera durante alguns anos. O prédio eraluxuoso, algo que resplandecia soberba. Na recepção uma loira linda me aguardava: Seus cabelos brilhavam, ela me chamava com seu olhar e o convite de me juntar à grande empresa que ela representava. Mais uma vez me escondi, desta vez por trás de um sor-riso canalha a um excesso de confiança em minhas virtudes masculinas. Ao me apresentar à moça, deixei cair os olhos sobre seudecote e observei sem nehum escrúpulo.
Encaminhado ao andar do RH, me escondi atrás de palavras que procuravam convencer àqueles que iriam me contratar,falei sobre minhas experiências e joquei com adjetivos que nunca me definiram, mas que poderiam muito bem esconder quem eu sou.Trabalho em equipe, solidariedade foram palavras que se deitavam sobre minha língua, repousavam felizes e hipócritas em minha boca.E escapavam saltitantes diante de meu terno. A senhora dos recursos humanos tinha mais ou menos 43 anos, nem bonita nem feia.Mas eu precisava jogar meu carisma diante dela, precisava impressionar. Seu nome era Waleska, e da mesma forma que tinha jogadominhas palavras. Jogava minha atenção e minha disponibilidade. Coisas que eu nunca soube dar.
Ao fim da entrevista fui muito elogiado pela dona Walesk, que ainda ajeitava o sutiã de forma indiscreta e me procurandocom o olhar. Abriu-me a porta e foi logo dizendo: "O senhor está praticamente contratado, só falta repassarmos seus dados à diretoria."Pronto, era tudo que eu queria, chegou a hora de comemorar. DescenDo as escadas, fiz-me de homem sério e respeitador; e ao encontrarnovamente a loirinha da recepção deixei meu cartão e disse por entre dentes:"Em breve seremos companheiros de trabalho". Sentindo aquelabrisa me refrescar, novamente procurei o bilhete que estava no bolso de meu terno:

"Querido,
Apesar de através desta carta te chamar de querido, quero que saibas que minha vida com você durante todos esses anosfoi um verdadeiro tormento. Estou te deixando aqueles presentes e aos fins de semana venho traser o Cosme e a Catarina, praficarem contigo. Tentei até onde pude, mas NÃO TEMOS MAIS ESCOLHA..."

Mais uma máscara caiu, mais uma cortina se abriu...