segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

2016: ano de apresentar os lutadores do povo à sociedade.



No ambiente conturbado, de aguçamento da crise econômica mundial e de seu rebatimento na economia nacional, a crise política instaurada desde a reeleição de Dilma Rousseff à presidência da República e todas as suas consequências, tem sido comum, entre os setores mais consequentes da esquerda, dos quais faz parte o PCdoB, a repetição de que, em períodos de crise, oportunidades aparecem para o crescimento partidário.

O exame detalhado da história de nosso país, e dos comunistas, confirma essa possibilidade. Afinal de contas, é fato o crescimento partidário obtido por volta dos anos 30 e 40 do século XX, períodos em que a grande crise de 29, a ascensão do nazifascismo e a II Grande Guerra deram o tom do que viriam a ser aquele período.

No Brasil, a repressão, perseguição e preconceito que sofriam o PCdoB naquele momento não impediram os comunistas de obter resultados eleitorais significativos, conquistando bancadas parlamentares em grandes cidades, candidaturas a presidente, além de uma expressiva participação na Constituinte de 1946. Aliado a isso, uma inserção significativa entre os sindicatos e os movimentos sociais da época, além da atuação na ANL. A essa atuação, embora inimigos principais tenham sido combatidos, soma-se a diversidade de temas que nossas lideranças se propuseram a tratar em suas intervenções: educação, liberdade religiosa, questão racial etc.

Nesse sentido, mesmo entendedores de que os fatos que estão postos hoje são diferentes dos de outrora, é importante realçar a ousadia com a qual os comunistas devem se portar em tempos difíceis: preservar a identidade partidária, garantir nossa sobrevivência, mas jogar a rede em busca de novos adeptos às nossas ideias e práticas é urgente. Por isso, as eleições municipais de 2016 cumprem sentido estratégico na trajetória de acumulação de forças partidárias. Para tal, entender a natureza da crise política em que vivemos e utilizar os meios necessários para superá-la, sobretudo no que concerne ao entendimento da classe trabalhadora, são pontos nodais de nossa atuação.

A atual crise política do Brasil é, essencialmente, fruto da radicalização da luta de classes, aqui e no mundo. Fruto de incontáveis lutas históricas que desaguaram na eleição de Lula em 2002, mas que teve seus desdobramentos na insatisfação das classes dominantes com as tentativas de perdas de  seus privilégios e conquistas de direitos das classes trabalhadoras. Dessa forma, na tentativa de desqualificar o projeto, as classes dominantes utilizaram-se, como em variados momentos da história, da criminalização da atividade política e da sua correspondente judicialização.

A obra dessa criminalização, iniciada desde o primeiro dia do Governo Lula, é um efeito perverso na superestrutura político-ideológica de afastamento das pessoas da atividade política; quando não, aliados ao niilismo do século XXI, ao modo pós-modernista, individualista de encarar o mundo, há um preenchimento das atividades políticas por grupos ditos setoriais, ou minoritários.

Diante desses fatos, antes de encarar quaisquer juízos de valor, haja vista entendermos o que é central em nossa atuação política, é necessário termos a mínima correspondência com a forma com que os movimentos sociais se organizam atualmente e incorporar essa forma de atuação à nossa tática eleitoral.

Se é verdade que a corrupção e os acordos políticos escusos não acabarão nem tão cedo, visto que é parte constitutiva do sistema capitalista, é verdade também que os comunistas e as forças mais avançadas não podem abrir mão da consciência de inúmeros militantes que, mesmo não enxergando nos partidos seu modelo de organização, militam por causas justas.

Nesse sentido, aos comunistas, e não a outrem, cabe o papel de apresentar à sociedade os homens e mulheres que lutam pela igualdade de gênero, os que lutam pelo fim do racismo, pela emancipação feminina, pelo direito à cidade, etc. As eleições devem ser momento de convergir as várias práticas sociais que deságuam num Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento.


As eleições, dessa forma, cumprem o papel de mostrar à sociedade que é possível construir opiniões para os mais diversos setores da sociedade sem desqualificar a atuação política, entendendo que é possível construir plataformas avançadas, para os trabalhadores, nas mais diversas áreas de atuação e que o descrédito para com a classe política precisa ser combatido, fazendo com que os mais diversos segmentos da sociedade se sintam  representados nas chapas próprias a vereador Brasil a fora. Essa maneira de traduzir a luta específica para a luta geral é capacidade inerente aos comunistas, portanto a oportunidade de construí-la a partir do jogo eleitoral não pode passar. É fundamental, é estratégico.

2 comentários:

Alexandresaf disse...

O quarto parágrafo sistematiza o conteúdo de nossa tática, no atual contexto da luta de classes no Brasil, complexa e mascarada pela mídia. Com determinação e compromisso estratégico expresso na ousadia dos comunistas acumularemos força. Parabéns Nilson, muito bom.

Alexandresaf disse...

O quarto parágrafo sistematiza o conteúdo de nossa tática, no atual contexto da luta de classes no Brasil, complexa e mascarada pela mídia. Com determinação e compromisso estratégico expresso na ousadia dos comunistas acumularemos força. Parabéns Nilson, muito bom.