Era um.
Podia ser ponto no papel em branco
Podia ser frase solta no ar.
Podia ser o risco no olho. O aplauso indesejado.
A esperança de uma guerra.
A noite de chuva.
Fui dois.
Quando em pares os olhos se fizeram
Quando nossas promessas viraram seiva
Quando nossas raízes fincaram os pés
Quando somos sombra, quando somos paz.
Por isso somos três
Aárvores que alimentam a terra
Jogando as folhas por sobre a vida.
Flor mais linda que há de vir.
Somos três.
Troncos fortes
Folhas-mães
Flor do amanhecer.
terça-feira, 11 de novembro de 2014
terça-feira, 30 de setembro de 2014
Cidade-mulher
Ela é minha amante. Nas noites de maiores alegrias, foram os brilhos pairantes das suas águas que inspiraram as aventuras dos dias vindouros. Nas tardes de tristeza, foi o transbordamento do teu choro, de quem, por vezes maltratada, pedia minha atenção.
Ela é mulher. São curvas, sensibilidade e ousadia, para sobreviver dos que lhe querem submissa. São cheiros e temperos, marcando as suas mãos, marcando os abraços e os que ela abraça: seus filhos, nós.
Ela é guerreira. Vence os tumores que lhe colocam diariamente, seja de nome Estela, seja dos mascates. Eu, simplesmente seu devoto, absorvo diariamente seus choros, seus gritos de quem, sufocada, pede passagem pra respirar. Absorvo diariamente tua sensualidade madura, de quem sofreu, mas sabe renovar-se dia a dia. Eu, simplesmente seu filho, olho-a cá de cima, dos altos de sua irmã, sem dúvidas de que são as Nices do Bandeira que ouso declamar.
segunda-feira, 22 de setembro de 2014
Aos 27 II
Não é só passar pela idade na qual os ícones do rock'n'roll morreram. Não é apenas se livrar do vício das drogas ou com ele saber conviver. É superar os monstros do passado, a inquietude e a rebeldia da adolescência inconsequente. É preparar-se, verdadeiramente, para a vida adulta.
Hoje, o desafio é construir as vitórias que virão. Repensar os erros e promover acertos. Aos vinte e sete, é chegada a hora de escrever o tão sonhado livro, ter a tão esperada filha, plantar a tão necessária árvore.
Aos vinte e sete, nenhuma falta de sobriedade será obstáculo para atingir os objetivos necessários, nenhum choro deverá ser suficiente para derrubar. Aos vinte e sete, recomeça a vida, reacendem-se os sonhos.
Passar por aqui é acordar, recobrar a paciência e a perseverança; passar os olhos sobre as pedras e chutá-las para longe. É procurar minha paz.
quarta-feira, 17 de setembro de 2014
Universidade brasileira e seus mecanismos de ingresso: mudanças em curso
Um dos elementos da sociedade
brasileira que mais marcou e marca a divisão de classes e entre interesses
nacionais ou estrangeiros, com certeza, é a universidade. Basta percebermos
que, no Brasil, a universidade só foi criada a fim de atender aos interesses de
uma pequena minoria, sem para isso ter suas funções sociais bem definidas.
Essa pequena minoria, para a qual
a universidade não teria uma função social de investigação científica e
produção de conhecimento, o status de
cursar o ensino superior era obtido através das viagens dos filhos das elites a
Portugal ou a outros países europeus a fim de estudar medicina, direito etc.. O
destino era, por muitas vezes, a Universidade de Coimbra.
Foi com essa mentalidade que a
elite brasileira foi sendo formada e, diferentemente da elite da América
Espanhola que, logo no início do século XVI, implantou o sistema universitário
em México, Guatemala, Peru, Cuba, Chile e Argentina, o Brasil só passou a
contar com algo parecido a partir da migração da Família Real portuguesa para o
Brasil em 1808. Nesse contexto é que são criados o Curso Médico de Cirurgia na
Bahia e a Escola Anatômica, Cirúrgica e Médica no Hospital Militar do Rio de
Janeiro. Obviamente, a criação desses cursos superiores não se preocupava com
função social nenhuma além da formação da elite que, assim, era poupada de
viajar a Coimbra para obter o título. Mas é só em 1915 que a universidade, como
um conjunto de faculdades, é criada no Brasil.
A criação tardia dessa
instituição no Brasil explica o fato de, historicamente, a universidade ter
sido tão excludente; afinal de contas, o ingresso nas poucas que existiam
estava tacitamente reservado às elites, portanto, o método de entrada sempre
passou por sua condição social e familiar, passando longe das necessidades
nacionais em desenvolver determinadas áreas, acentuando a separação capitalista
entre educação e trabalho. Sendo assim, aos 40% de negros que eram proibidos de
estudar, quando a proibição acabou legalmente, ela continuou na prática de o
quê e como negros e pobres poderiam estudar.
Foi dessa forma que, por quase um
século de existência, a universidade instituiu-se como um dos principais
privilégios da elite brasileira. Além de esnobar seu poderio econômico, essa
elite estava preparada para perpetuar-se no poder, e um dos mecanismos que mais
legitimou isso durante esse período foi o vestibular.
O vestibular, mais que uma prova
para “testar o conhecimento”, “aferir a capacidade” de um postulante a uma vaga
na universidade era, e em alguns casos ainda é, um grandíssimo esquema de
exclusão dos que não estudavam nas grandes escolas, uma prova que testava, na
verdade, quantas questões você conseguiria não errar; além, é claro de
alimentar os bolsos de tubarões de ensinos das grandes escolas particulares e cursinhos
preparatórios.
Com a decisão política tomada
pelos governos Lula e Dilma de expandir a universidade para a grande maioria da
população, além da mudança numérica – que é fundamental – passou a existir uma
mudança, também, na lógica de ingresso. Eles, além de terem dobrado o número de
estudantes matriculados no Ensino Superior, passando de 3,5 milhões para 7,1
milhões, criando 18 universidades federais, 173 campi e uma série de programas
como FIES e PROUNI, implementaram a cota e adotaram o ENEM como mecanismo de
entrada à universidade. Com o ENEM e o SISU, os estudantes podem concorrer a
vagas em 115 universidades públicas e 4.700 cursos, além de suas notas servirem
como acesso às bolsas do PROUNI.
A reação, portanto, não poderia
ter sido diferente. À elite, que antes em Coimbra e depois nas federais, coube
o papel lamentável de tentar barrar todas as iniciativas de democratização da
universidade. Porém, o mais lamentável é terem colocado seus esforços contra
uma proposta pedagógica muito mais avançada e justa do que a dos antigos
vestibulares. É óbvio a qualquer um que procure ler as provas de até o ano de
2004 e as do ENEM a diferença de proposta, afinal de contas as comissões de
vestibulares e concursos não devem ou não deveriam ser instituições programadas
para tolher a vontade de se ingressar na universidade. Enquanto isso, uma
indústria por trás de cursinhos, professores e editoras lucravam com a antiga
prova de “isso você não vai saber fazer”.
É dessa forma que esses, que
viram seus privilégios diminuírem, entendem que deveria funcionar o ensino
superior no país. Felizmente, acordamos a tempo, fazendo com que em 12 anos a
taxa de jovens entre 18 e 24 anos passou para 28%. Não deve ser fácil aos que
passaram 500 anos tentando instituir privilégios conviver com isso.
Universidade do povo e para o povo começa com mecanismo de entrada real, justo.
O fim do vestibular foi e é um objetivo histórico de entidades estudantis
compromissadas com a democratização do Ensino Superior. O ENEM é um caminho.
domingo, 31 de agosto de 2014
Rocha
Em que outro abrigo poderia me encontrar
se não fossem nos olhos teus?
Que outro armário poderia me guardar
nas noites de frio e medo?
Que outro escudo haveriam de me dar
se não fosse tua coragem?
Penetra em minha alma
desfazendo-te(me) de armadura
E no fim do dia, abre-me as portas
do teu sorriso-reino.
Dá-me a condução, das nossas mãos em corrente
Caminhado para o mesmo lado!
Sem ti, nenhuma batalha valeria a pena
Sem ti, seria mercenário andarilho
Perambulando nos sonhos de te encontrar
Contigo sou rocha, inquebrantável
Viva é altiva
Capaz de te sustentar!
se não fossem nos olhos teus?
Que outro armário poderia me guardar
nas noites de frio e medo?
Que outro escudo haveriam de me dar
se não fosse tua coragem?
Penetra em minha alma
desfazendo-te(me) de armadura
E no fim do dia, abre-me as portas
do teu sorriso-reino.
Dá-me a condução, das nossas mãos em corrente
Caminhado para o mesmo lado!
Sem ti, nenhuma batalha valeria a pena
Sem ti, seria mercenário andarilho
Perambulando nos sonhos de te encontrar
Contigo sou rocha, inquebrantável
Viva é altiva
Capaz de te sustentar!
quinta-feira, 28 de agosto de 2014
Voto em Dilma
Recentemente, amigos do trabalho me perguntaram em quem votar. Perguntei se teriam tempo para ouvir, pois não iria pedir voto de torcida. Nossa conversa precisou ser interrompida, mas vai aí o que diria a eles e qualquer um:
É muito comum, recentemente, ouvirmos principalmente, antes de Eduardo e agora de Marina, que "é preciso acabar com a polarização entre PSDB e PT que existe há 20 anos". Pois bem, deixa eu contar um segredo: ela não existe há 20, existe há 514 anos. Vamos contar uma história:
São 514 anos de formação de um povo e um país, cujas elites, que vieram aqui, levaram o pau-brasil, o ouro, a cana etc. comandaram em, pelo menos 500 anos de nossa história.
O eixo de qualquer ciclo de desenvolvimento pelo qual o Brasil passou sempre foi a alimentação de elites estrangeiras, já que por muito tempo nem elite nacional nós tínhamos. Benefícios e avanços básicos, como estudar, eram privilégios de poucos. Num país em que a escravidão foi motor da economia, ainda foi retirado qualquer direito a 40% da população.
Transformações lentas
E assim foi por muito tempo: todas as melhorias civilizacionais foram alvo de disputa entre aqueles que lutaram por direitos básicos e aqueles que enviavam seus filhos a Lisboa para estudarem. É a tão reclamada "polarização".
O problema é que esses, os de Lisboa, nunca deixaram certos avanços acontecerem plenamente. Para acabar com a escravidão, precisou-se deixar os libertos ao relento, sem aprovar a reforma agrária; para dar a independência ao país precisamos deixar o filho do Rei de Portugal no poder; para proclamar a República precisamos colocar alguém que era a favor do império. A elite não iria deixar barato, e a história posterior mostraria que não iria mesmo!
Com a chegada da República, da democracia e do voto, um problema surgiu para os de Lisboa: "e se o povo tomar o poder?"; "façamos a revolução antes que o povo a faça". Era um problemão para as elites: "o que fariam os 40% de negros na hora de votar?" "O que fariam os miseráveis?"
Por isso, em pouco menos de um século, o Brasil viveu praticamente metade sob regimes autoritários. Era o medo que os de Lisboa tinham!
Nesse período, o Brasil só pôde colocar os que olharam para os de cá 3 vezes, três estadistas, apenas, comandaram o Brasil com os olhos virados para os brasileiros: o primeiro, Getúlio Vargas, mesmo com todas as suas contradições, foi quem criou a Petrobras, os direitos trabalhistas que a elite tanto combate, e melhorias para o povo mais pobre, além de criar a indústria nacional e colocar o Brasil no rumo do desenvolvimento, a elite não sossegou, até que em 25/08 de 1954, conseguiram tirá-lo da cena e o fizeram suicidar-se. O segundo, João Goulart, pretendia instalar as reformas de base (da educação, saúde, agrária), e a elite, aqueles de Lisboa, mais uma vez reagiram e implementaram a Ditadura Militar.
Reconquistamos a democracia, mas os de lá nunca saíram do poder: a próxima etapa seria o neoliberalismo. Lisboa ficaria em Nova York, mais precisamente numa rua chamada Wall Street. Dessa vez a elite colocaria gente com verniz democrático: Collor, FHC...
Desnacionalizaram nossa economia, venderam tudo o que podiam e nenhum direito para o povo. Estava aberta oficialmente a polarização PTxPSDB, essa que acontece desde o início dessa história, só ganhou siglas.
Foi então, em 2002, que colocamos gente da gente, um operário, "analfabeto" dizia a elite, mas que colocou mais de 1 milhão de jovens nas universidades pelo PROUNI; tirou mais de 30 milhões de brasileiros da miséria, deu casa para o povo; criou escola técnica; mudou a cara desse país; deu comida na mesa do trabalhador; e o mais importante: dignidade.
Ele, Lula, e sua sucessora, Dilma, constituem a 3ª geração de estadistas do lado de cá, do lado do povo. Estes, a todo tempo são combatidos pelos de Lisboa, que estão na Globo, na Veja, no Itaú, na Natura, no PSDB, em Marina. Portanto, como sou povo, trabalhador, identifico-me e luto para que esse projeto vença. Não há outra via. No Brasil, ou você está do lado dos de Lisboa ou do lado do povo. Essa polarização chama-se luta de classes. E por acreditar num Brasil forte, soberano e dos trabalhadores, rumo a um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento, voto Dilma!
#DilmaMudaMais
#RenovaEsperança
#DilmaCoraçãoValente
terça-feira, 26 de agosto de 2014
Fernando Brito: Marina vai ao teto? Com “jeitinho” ou não, acho que sim.
em www.tijolaco.com.br


A crer no resultado do Ibope – e eu creio nos resultados do Ibope como uma antítese do poeta, onde não há distância entre intenção (de voto) e gestos políticos – estamos diante de uma “onda”.
Onda que, embora suspeite que o Ibope tenha lhe dado bóias, engoliu Aécio Neves.
Não é crível que Marina – que, segundo o Ibope não cresceu entre os indecisos e os nulos e brancos desde a pesquisa Datafolha, que os baixou de 27 para 15 , enquanto o Ibope os fixava em 24 e os baixou para os mesmos 15% – tenha tirado tanto de Dilma (quatro pontos) que de Aécio Neves.
Marina é uma candidata de oposição, e isto está claro.
De toda forma, ainda que se aceite estes números, talvez seja possível dizer que a onda tem o seu pico, que o próprio movimento de subida constrói, ainda mais porque é um movimento mais emocional (se existisse a palavra eu diria comocional) do que racional.
É o famoso “no embalo”.
O que leva, também, para a vantagem de Marina Silva num segundo turno o raciocínio para o mesmo caminho: os votos de oposição a Dilma são os que Aécio Neves tem na simulação, não os que tem Marina, porque – salvo os Reinaldo Azevedo – os eleitores de Aécio votam em qualquer um que não seja Dilma.
Pesquisas são sempre indicadores das tendências de momento, embora muito frequentemente não sejam retratos fiéis destes momentos. Dois pontos para lá, dois pontos para cá fazem um imensa diferença.
Ouvi dizer que, neste caso, foram dois a menos para cá e quatro para lá. Ou para os dois “lás”.
Seja como mais significativo, para mim, é que Marina colheu todos os bônus de duas semanas de superexposição e beatificação na mídia.
Baixou no espaço como a redenção.
Agora terá de ser candidata a Presidente, não mais a beata abençoada.
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